Lendo artigo do biólogo e estilista Fernando Reinach, no
“Estadão” de 30/07/2016 — com o título que escrevi acima, entre aspas —, imagino
explicar, mesmo sem autoridade profissional, ou acadêmica, algo que o deixou intrigado,
e a mim não: o fato de a Península Antártida estar esfriando constantemente,
nas duas últimas décadas, quando, antes, havia um constante aquecimento provocando
a desintegração de enormes blocos de gelo. Reinach comparou tais placas, soltas
no oceano — derretendo... —, a pequenos Estados brasileiros. A anterior
diminuição do frio chegou a afetar, negativamente, a população dos pinguins
Adélie.
No entanto, para sua perplexidade — e também de alguns
observadores — os rigorosos registros, na Antártida, diários e anuais, da
variação da temperatura mostram que “agora tudo mudou”. Ela está esfriando. Fenômeno
que abala a convicção mundial, quase unânime até agora, de que o efeito estufa,
provocado pelo homem, seria o responsável pelo constante aumento da temperatura
mundial, com elevação do nível dos mares e oceanos e outras drásticas
consequências.
Em suma, seria — talvez —, lenda, ou precipitação
generalizada, a convicção de que o planeta Terra caminha inexoravelmente para
um maior aquecimento, a menos que façamos alguma coisa, com urgência,
combatendo com mais rigor a emissão de carbono. Repetindo: as referidas
medições da temperatura no ar, próximas do solo da Antártida, comprovariam o
contrário, pois lá, na média, vem ocorrendo um resfriamento.
Esse é um tema que não interessa apenas à biologia. Repercute
na economia e na política mundial. As restrições legais e tratados contra o
efeito estufa oneram inúmeras indústrias, repercutem no desemprego e encarecem
a produção. Uma notícia dessas faz com que “gananciosos” acionistas de empresas
inerentemente poluidoras esfreguem as mãos, contentes com a novidade. Dirão, no
estilo Donald Trump: — “Era tudo balela essa história de aquecimento global! Há
apenas ciclos naturais de maior ou menor calor! Uma alternância que não depende
do homem. Nunca passamos tanto frio quanto nos últimos meses! Precisamos é de
mais calor!”
Feita essa explicação introdutório, arrisco minha leiga
explicação do que ocorre. Leiga, insisto, mas que talvez obrigue os entendidos
a examinar a causa desse imprevisível ou contraditório esfriamento do “polo
sul”.
Poucos anos atrás assisti, pela TV, à entrevista de um
respeitado cientista brasileiro — não me recordo seu nome — que insistia, com não
fingida convicção —, em afirmar que o aquecimento global — aparentemente
“explicador” de ciclones, secas, inundações, verões quentes demais, etc. — não
era consequência da poluição causada pelo homem. Ao ver dele, o planeta Terra,
com ou sem a humanidade, está sujeito a periódicos ciclos de esfriamentos, as
eras glaciais. Findo o ciclo, as coisas voltam ao normal.
Tal opinião, vinda da boca de um especialista em clima,
não agradou à grande maioria dos leigos interessados em combater o efeito
estufa. Uma opinião — mesmo de especialista qualificado —, que parecia ser
contrariada pelos “fatos evidentes”: temperatura média sempre aumentando, elevação
do nível do mar, danos à fauna marinha, mudanças climáticas imprevisíveis, ciclones
em maior violência e quantidade, etc.
Ouvindo, sem entusiasmo, a exposição do cientista, voltei
a examinar um globo terrestre que tenho em minha casa. Principalmente o gigantesco
tamanho dos oceanos Pacífico e Atlântico, bem como a gigantesca África e as
imensas extensões da Rússia. Sempre me parecera estranha, exagerada, a comum
afirmação de que a fumaça das fábricas, veículos e casas — principalmente do
primeiro mundo, China e Índia — pudessem ter tanta influência, quando comparada
com a maior área coberta pelos mares e oceanos — em que o homem não está
presente em escala significativa. Ressalte-se que cerca de 70% da área do
planeta é coberta por água, E a parte não coberta, em sua vasta maioria, com
baixa densidade populacional, pouco polui.
Por outro lado, a poluição nas cidades precisa ser
controlada, seja qual for a teoria mais certa sobre o aquecimento global. Não
tem sentido obrigar os habitantes de algumas cidades chinesas andar de máscara
nas ruas. Perdas de colheita e inundações incontroláveis precisam ser evitadas.
Seria, porém, apenas local esse prejuízo? Não.
Seria correto — pergunto —, concluir que a poluição
causada nas cidades, não obstante seja má, localmente, ela não é a causa do
aquecimento global, não havendo, portanto, urgência em controlar o aquecimento?
Essa conclusão seria errônea, considerando que os problemas de saúde, por si
só, são importantíssimos. Mesmo que se conceda uma dúvida residual à teoria de
que a atividade humana é a responsável pelo aquecimento global, as
investigações, em sua vasta maioria, fora da Antártida, apontam no sentido de
que o homem é o grande poluidor. Seja qual for a teoria certa, o homem só terá
a lucrar, não a perder, com a diminuição forçada da poluição.
Um fato é certo: o planeta, como um todo, vem
esquentando, mas parte da Antártida vem esfriando nos últimos vinte anos.
Como explicar essa contradição entre o global e o local?
A explicação está, em parte, no mesmo artigo de Reinach
quando diz que os resfriamentos locais da península, “nem sequer se estendem
para todo o continente da Antártida”.
Por que, na vasta Antártida, apenas uma parte dela vem se
esfriando recentemente?
Aqui vai minha contribuição — espero que não seja mero
“chute” — : com o derretimento do gelo de ambos os polos, e das altas montanhas
do planeta, esse enorme volume de água, pesadíssimo, obviamente incorporou-se à
água já existente nos mares e oceanos. Essa nova distribuição do peso da água, deve
ter alterado o eixo terrestre, tendo em vista que nosso planeta — no seu
movimento de rotação — assemelha-se a um pião que, perdendo velocidade, não roda
em plena “vertical’. E não rodando “verticalmente”, não recebe a luz solar de
maneira uniforme durante todo o ano, pois a Terra gira em torno do sol
(translação). Isso explica porque quando é verão no hemisfério sul é inverno no
hemisfério norte, e vice-versa.
Prosseguindo: Com essa provável alteração do eixo
terrestre — causada pelo acúmulo pesadíssimo de água que estava antes
localizada dos polos norte e sul —regiões mais distantes da Linha do Equador
passaram a ficar mais quentes, ou frias, conforme recebam diretamente, mais, ou
menos, raios solares, fonte do calor. Isso explica, a meu ver, invernos ou
verões rigorosíssimos em partes dos EUA, em partes da Europa e partes da
Antártida.
Moro em São Paulo e também noto uma modificação na rotina
de verão e inverno. Este último foi bem rigoroso. O verão também será,
provavelmente, diferente do usual. Repetindo: aconteceu, com este planeta, o
que acontece com um “pião” de brinquedo que “cambaleia” ao lado de um foco de
luz.
Presumo que alguma instituição científica vigia,
constantemente, a posição do eixo terrestre. Pelo menos a NASA deve se
interessar por isso. E conviria que também nas imediações do polo norte
igualmente se pesquisasse se também lá ocorre o resfriamento verificado na
Antártida (parte). Pela “minha” teoria, o resfriamento teria que ocorrer também
lá, mas sempre de maneira oposta — inverno e verão — tendo em vista o giro da
Terra em volta do sol, com alternância das estações.
Se minha “teoria”, ou palpite — alteração do eixo
terrestre —, estiver certa, como presumo, uma coisa é certa: na região
temperada do planeta os países terão modificações permanentes na sua
temperatura, porque a água que veio das geleiras e das montanhas não voltará
para o lugar de onde vieram. Com o esfriamento de locais muito quentes os
habitantes de alguns países ficarão mais “enérgicos”, porque é sabido que o
calor excessivo diminui a energia de seus habitantes. Mas os verões serão mais
desagradáveis.
Próximo da Linha do Equador não haverá grande diferença
porque o sol continuará aquecendo a área quase da mesma forma.
Se esta previsão não é certa, pelo menos assim parece. Se
algum especialista da área me informar, e provar, que o eixo terrestre
“aguenta”, impávido, qualquer peso oceânico, sem se modificar, reexaminarei
minha modesta “teoria”. Errar é humano. Toda ciência é uma coletânea de erros e
acertos. Um eventual erro a mais não tem
importância.
Francisco Pinheiro Rodrigues (03-08-2016)
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