segunda-feira, 29 de agosto de 2022

AUTÓPSIA

                                                                           Foto divulgação  

O despertador de Roland, criminalista dublê de escritor, tocou às cinco e quinze da manhã. Acendeu a luz do abajur de leitura e olhou para sua mulher, que está acordada mas permanece imóvel, olhos fechados. Tem sofrido de insônia e geralmente dorme tarde. Não pretendia se levantar tão cedo mas lembrando-se vagamente do motivo do marido estar acordado pergunta: — Por que, mesmo, você vai sair?

— Quero presenciar uma autópsia.  Tem que ser hoje, já está combinado. Como sou um escritor da escola realista quero ver a coisa pessoalmente. Não basta imaginar. Preciso dos detalhes, para meu próximo capítulo.

— Você já sabe quem vão autopsiar?

— Não. Pretendo ver duas dissecações. Uma de homem e outra de mulher. Ainda não sei bem se na minha estória vou esquartejar macho ou fêmea.

Roland, às vezes, abusa no humor negro, conversando com a mulher, justamente porque ela não aprecia seu estilo literário e é bastante franca. Pensa que ele não precisa “apelar”, para encontrar leitores.

— Você tem certeza de que o público aprecia essas barbaridades?

O público masculino em geral gosta, mas é preciso, para compensar, caprichar no estilo, injetando no açougue literário um pouco de filosofia.

Não seria um desequilíbrio emocional desses leitores?

— Todo mundo é mais ou menos desequilibrado, querida. Não existe gente mais adoidada que certos psiquiatras, por exemplo. O perigo, neles, é que qualquer pessoa, bastando ser capaz de falar, pode ser enquadrada numa anormalidade. Se, por outro lado, é reservado demais, “aí tem coisa...”. Um camarada “certinho em extremo” revelaria, só por isso, “algum problema”, a ser investigado.

  Uma hora depois Roland está entrando no necrotério. Pergunta a um funcionário onde fica sala do Dr. Moraes, seu amigo e ex-cliente.  Sem sua autorização, não poderia assistir aos exames. Essa autorização já fora concedida. Minutos depois aparece o médico.

— Ora viva! O nosso Zola brasileiro. . . — disse o Dr. Moraes, bem-humorado, rosto redondo, corpo atarracado, óculos de metal cinza. — De olho na Academia, hein? Já comprou o fardão?

— O fardão me prejudicaria, tiraria minha liberdade. Para impressionar os acadêmicos, teria que retocar demais o que escrevo — respondeu Roland apertando-lhe a mão. — Como é? Estou pronto para o massacre.

— Que tipo de necropsia quer ver?

— Que tipo como? Há diferenças?

— Claro, depende da finalidade. Bom, se não há especificação, eu escolho. Você vai assistir à necropsia de duas pessoas que morreram sem assistência médica. Geral­mente gente sem recursos. Para enterrar é preciso verificar a "causa mortis".  Se a morte foi violenta, ou suicídio, é preciso uma necropsia.

— Pra mim qualquer morte serve. Uma pessoa inteira, claro. Preciso dos detalhes.

— As necropsias são feitas em outro setor, aqui perto.

— Você não diz autópsia. Diz necropsia. Dizer “autópsia” está errado?

— Acho mais apropriado dizer necropsia. “Autópsia”, do grego, rigorosamente seria um autoexame. Necropsia seria o exame de corpo alheio, mas isso de nomes não impor­ta. Vamos lá.

Caminhando depressa, para acompanhar o médico, Roland sentiu cheiro de formol e outros odores que não podia identificar. Ouviu alguns ganidos.

— Parece que estou ouvindo ganidos de cães. É isso?

— É. São os estudantes de medicina fazendo expe­riências.

— Dolorosas? — indagou Roland.

— Às vezes. Procuram anestesiar antes. Pararam em frente a uma porta de vidro.

— Quer dizer que nunca assistiu a uma necropsia? Não vai sentir-se mal, desmaiar?

— Penso que não. Para isso sou algo frio. Se sentir qualquer sensação esquisita, saio um pouco.

— Um aviso: não se encoste em nada lá dentro. Os cadáveres podem estar com alguma doença conta­giosa e você levaria os agentes patogênicos consigo. Convém enfiar as mãos nos bolsos.

Roland acatou a sugestão e ambos entraram no recinto.

Junto à entrada, no lado esquerdo, havia uma mesa com três pequenos cadáveres. Crianças bem novas. Duas escura e a terceira branquinha. Apresentavam imenso rasgo do pescoço ao púbis, mas o rasgo já fora costu­rado. Mesmo que estivessem vestidas e deitadas numa cama, não pareceriam crianças dormindo. A morte deixara a marca nos olhos, ainda que fechados. As perninhas são bem arqueadas, sinal de raquitismo. Despertam um sentimento triste e desagradável.

Ao lado direito da porta vê-se uma fileira de mesas com pequenas rodas nos pés. Em cima de cada mesa, um cadáver. Alguns, com o rosto coberto. O mais pró­ximo de Roland, de face descoberta, é um rapaz de seus vinte e cinco anos, barbudo, rosto estreito, corpo magro, assim percebido apesar de coberto com um lençol até o pescoço. Seu rosto lembra a representação tradicional de um Cristo europeu de pele clara. Alto, seus pés magros e amarelos saem muito além do lençol que o cobre, cortado para pessoas de estatura mediana. Roland fica observando o moço e, conforme a posição de quem vê, o cadáver lembra também uma conhecida imagem de Tiradentes, o herói da nossa independência. Roland, recordando-se rapidamente que ele foi enforcado e esquartejado, pensou: “ele, aqui, está no lugar certo”.

A mesa vizinha está ocupada pelo cadáver de um homem corpulento, de seus 40 anos. Tem o rosto inchado e expressão de homem bravo.

— Com licença — pediu um enfermeiro, interpondo-se entre Roland e o cadáver do homem de feições duras. O funcionário em­purrou a mesa com rodas até que ela ficasse bem paralela à mesa das autópsias, que tem o comprimento de três metros, mais ou menos. Do lado onde ficam os pés dos autopsia­dos existe uma pia de aço inoxidável embutida na pró­pria mesa. Nessa pia os órgãos são lavados, cortados e fatiados para exame.

O cadáver é transferido com alguma brutalidade — nada pessoal, apenas rotina —, da mesa móvel para a mesa fixa, sem a menor “deferência” a um ser humano, mesmo morto, como se lidassem com um grande saco de batatas. Como o homem é bem pesado, os dois enfermeiros tive­ram que fazer muita força, coordenada — “Vamos juntos: um, dois, três, já!” —, para transferi-lo de mesa, um segurando nos pés e o outro, mais forte, encarregando-se do tronco. Por causa do esforço da remoção, o cadáver foi praticamente rolado em cima da mesa de autópsias, quase caindo do outro lado.

Os braços do morto estavam rígidos e dobrados, como em posição de defesa, numa luta de boxe. Nessa posição impossibilitaria o trabalho do enfermeiro que se ocuparia do tórax e da cabeça. Era, portanto, necessário esticar os braços do combativo defunto maduro. Rolando, sempre imaginativo, involuntariamente pensou: — “Nosso Mike Tyson branco não vai concordar...”

Dito e feito. Foi duro, de fato, conseguir baixar a guarda do falecido, devido à rigidez cadavé­rica. Um dos enfermeiros, o mais franzino, tentou es­ticar o braço direito, dando uma puxada. Nada conse­guindo tentou de novo, fazendo mais força, sua mão direita segurando a mão direita do morto. Pareciam, para Roland, disputar uma "queda de braço". O primeiro resultado foi um “empate honroso” para o defunto que, certamente, fora um homem fortíssimo. Mesmo morto, quase derrotou um vivo.

Não desejando passar vexame frente ao visitante, o enfermeiro fran­zino, como que adivinhando a imaginação de Roland, deu uma rápida olhada para o escritor e usou as duas mãos para esticar o braço enrijecido. Roland, viciado ficcionista, logo imaginou o protesto do morto: "Assim não vale! Vou morde a orelha desse desgraçado”! Valendo ou não, o vivo, usando o peso do seu corpo, quase pendurado, ven­ceu a parada, esticando completamente o braço do fa­lecido, enquanto o outro enfermeiro segurava do outro lado, impedindo que saísse da posição certa.

Esticados os braços, o enfermeiro que cuidava da cabeça enfiou um bloco de madeira, à guisa de calço, por baixo das costas do cadáver, que ficou com o peito bem erguido e a cabeça caída para trás. A seguir, pegou uma faca de cozinha, das grandes, e afiou a lâmina em um amolador cilíndrico. Colo­cou o amolador de lado e começou a cortar o couro cabeludo, iniciando a operação por trás de uma das orelhas.

Fez um talho bem retilíneo, cortando fundo, com pequenos movimentos de vai e vem da faca, para que o fio da lâmina chegasse até o osso do crâneo. E assim foi trabalhando, com luvas cirúrgicas, até chegar atrás da outra orelha. Largou a faca e fincou as unhas no corte. Agarrou com força uma das bordas e começou a puxar o couro cabeludo na direção da testa.

O couro cabeludo estava bem aderente ao osso, não desgrudava facilmente. Estalava com seguidos “tac-tac”. Quando a resistência era maior, o enfermeiro ajudava a separação com a faca, cortando os liames ainda existentes por baixo. Assim fez, até que o couro cabeludo, já pelo avesso, chegou à boca do defunto.

Com isso o cadáver ficou horrendo. Como o cabelo não era curto, parecia que o cadáver era barbudo — não o era antes —, e tinha parte do rosto coberto por uma máscara de carne viva cobrindo os olhos.

Até esse momento Roland conseguira aguentar. Vinha engolindo em seco. Seu pomo de adão subia e descia. Mas foi preciso mobilizar totalmente sua resistência quando o enfermeiro pegou um serrote de arco e começou a serrar a testa, horizontalmente, criando uma tampa de osso de toda a cabeça. Aquela meia testa pelo meio, serrada com a maior sem-cerimônia, foi um espetáculo que só não provocou vômito porque Roland sempre teve dificuldade para vomitar. Com isso, claro, cortou também os miolos que estavam próximos ou grudados ao crânio.

Terminada a utilização da serra fina, o enfermeiro tentou separar a calota com o mero emprego da mão. Fincou as unhas na fenda dos ossos, como fizera antes com o couro cabeludo mas não conseguiu logo seu intento, talvez por causa da luva de plástico que usava.

Tudo, porém, era rotina para o enfermeiro. Pegou uma talhadeira e um pequeno martelo. Colocou a lâmina da talhadeira na fenda da testa e com o martelo deu algumas pancadinhas na outra extremidade, forçando facil­mente a separação das bordas. Pôs de lado a talhadeira e, com as unhas bem apoiadas na borda do osso separou a calota, que veio com boa porção do cérebro nela grudada.

Usando as duas mãos, o enfermeiro retirou com cuidado o encéfalo viscoso, que fazia "cloft, cloft", ao se desgrudar do crânio.

Nessa altura, o outro enfermeiro já havia aberto a barriga, do externo ao púbis. Roland nem o vira fazer o grande corte longitudinal do abdómen, tanto se impressio­nara com o que ocorria na cabeça do cadáver. Quando afastou os olhos da cabeça sem tampa, o tórax já estava aberto. O segundo enfermeiro, munido de uma tesoura especial, de lâminas curtas e recurvadas, dedicava-se a cortar os ossos protetores do tórax para poder extrair e exa­minar o coração e outros órgãos.

O mesmo enfermeiro — ou seria o outro? Roland já estava meio grogue na carnificina — revolveu os intestinos esverdeados e arrancou o fígado, que foi colocado perto da pia, após o que foi lavado e fatiado. O enfermeiro cortava e examinava a cor das fatias, trocando algumas palavras com o médico, que fazia anotações.

Em seguida, pegou o cérebro que seu colega lhe dera e passou a cortá-lo, também em fatias.

Enquanto esse enfermeiro examinava as fatias dos órgãos, o outro pegou um bocado de serragem, que estava num saco aberto, ao lado da mesa, e preencheu o vazio do crânio. Recolocou a tampa de osso na cabeça e puxou de volta o couro cabeludo. A calota óssea ficou nova­mente coberta, mais apresentável.

— Agora ele ficou desmiolado — murmurou o médico, entre brincando e filosofando.

Roland, vendo a boca meio aberta do morto, es­tranhou:

— A língua dele está muito escura, não acha? A morte escurece a língua?

— Onde? — perguntou o enfermeiro, curioso. Forçou o maxilar para baixo, abrindo bem a boca do defunto. Não satisfeito, querendo melhor examinar, agarrou com força a língua e puxou-a o máximo que pôde.

— Não há nada — concluiu, dando uma examina­da. — É assim mesmo — disse, olhando a língua enor­me, que se assemelhava a uma língua de vaca, só que bem menor. Satisfeito com a inspeção, empurrou a língua de volta, fechando a boca do falecido. Em seguida, passou a cos­turar o couro cabeludo, utilizando uma espécie de agulha de sapateiro. Nesse trabalho, manipulava com brusquidão a cabeça do defunto, pouco ligando para a cara indignada do homem que, no céu, ou no purgatório — Roland pensou —, deveria estar fervendo de raiva com o desrespeito. Em certos momen­tos, por necessidade do serviço, o enfermeiro empurrava a boche­cha de um lado para o outro. Com isso a expressão do morto parecia ainda mais zangada com os insultos, quase tabefes com a mão espalmada.

Os enfermeiros, com a longa prática, estavam bem sincronizados na tarefa. Enquanto o da cabeça costu­rava grotescamente o couro cabeludo, o outro rapidamente tirava umas conchas de sangue ou vísceras da cavidade abdominal e depois devolvia ao corpo— fígado, intestinos, pâncreas, etc. O cérebro também foi jogado dentro do ventre. Roland não pôde deixar de imaginar o trabalho que daria aquele cidadão, havendo um juízo final, com os mortos saindo dos tú­mulos. Para ler a sua alma seria preciso examinar a pança. Como muita gente que conhecia.

A barriga também foi costurada depressa, com um pouco de serragem dentro para absorver o sangue que ainda restara.

Roland, depois daquela cena de violência macabra, achou necessário descansar um pouco. Pediu para sair. No corredor, respirou fundo e depois sentiu necessidade de fumar. Deu uma tragada e concluiu que pouco sabia da vida, em seu sentido mais profundo, apesar de seus quarenta anos.

— Como é? Pensei que o senhor fosse desmaiar — disse o médico. — Não seria fato incomum, para quem assiste pela primeira vez.

— Quantas autópsias vocês fazem por dia?

— Umas quarentas, em média.

— Estranhei que o cadáver não fedia. Pelo menos não tanto quanto eu esperava.

— É que saiu do congelador. Mas o senhor precisa ver quando falta energia durante um dia ou dois. Já aconteceu. Cinquenta cadáveres se decompon­do não há cristão que aguente.

— Nesses casos, como os senhores fazem?

— Com mau cheiro e tudo!

— Vendo uma autópsia, constatamos que o homem não é nada. Um pe­daço de carne precária, sempre prestes a se decom­por. Uma lição de humildade, o espetáculo horrendo que acabei de presenciar. Você tem religião, Dr. Moraes?

Sou católico... Então, vamos continuar? Às nove e meia preciso comparecer a uma reunião.



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Elon Musk, his Project Mars and the reversible human freezing, in the conquest of space

 

Foto divulgação 

I state my conviction that Musk will achieve the aforementioned statement if he applies a thousandth of his wealth and a fraction of his determination, already proven in the manufacture and sales of the electric car (TESLA); in reusable space rockets (Space X); in the colonization of Mars and everything else Musk is involved in, as on his biography, written by Ashlee Vance, demonstrates: — “ Elon Musk: How the billionaire CEO of Space X and Tesla is shaping our …”. Please read, in the present text, my justification for this prediction.

To praise a billionaire is always suspect. I am not exempt from this suspicion, because I have a personal interest in Cryonics. For those unfamiliar, Cryogenics is the branch of science that studies the effect of intense cold on matter, either live or dead. Cryonics is specific. It means the use of Cryogenics on human beings suffering from an incurable disease - or very attached to life – and would like to freeze indefinitely until the medicine of the future can find a cure their disease, or increase their longevity and mental capacity. This is because it is impossible to predict the advancements in the fields of science and technology in forthcoming years. Even more impossible is to imagine what the Earth will be like two hundred years from now, a tic in the history of humanity. Stem cells will certainly rebuild important organs, refraining from transplants and its inherent rejection issues.

I wrote a novel, “ Cryonics ” in 2005, without advertising and distribution of the printed book — I was in a hurry, kind of old — emphasizing that humanity would take a huge leap into the future if it could achieve the technical feat of freezing a person, practically “ killing her”, to “wake her up” years later.  ki

When I was writing that book, I thought only of people with incurable diseases who after being thawed would be cured by the medicine of the future. Freezing is easy. Unfreezing — alive and well — is the problem. Cancer was my main concern. I have not thought about the colonization of Mars because back in 2005 this hypothesis seemed unthinkable. Only marginally did I consider the use of freezing for very remote space travel.

Few, I imagine approved of the “dismal” main theme of my novel, invoking religious reasons: — “It's ridiculous! So the soul is also frozen and then returns to the body!? How to freeze something immaterial?!” — or worried about overpopulation. There was, as there still is, a kind of taboo in the mere hypothesis, apparently impossible and grotesque. In addition, there was the fact that until now it had not been possible to thaw alive, a human being — or any dead mammal—after days, let alone after months or years. I recently read news that some frogs and insects in arctic regions come back to life in spring. Check it out, because there is a lot of difference between a man and an insect.

The idea of Cryogenics applied to humans — still dormant, discouraged, but not completely forgotten, because some great scientist , or “visionary” entrepreneur, with imagination, stubbornness, courage — and enough money — has not yet emerged capable of unfreezing, alive, a human being.

I have never accepted the doctor's passivity when he realizes that the patient's heart has stopped beating. It is true that some years ago, there has been a modest micro “resuscitator” similar to an iron —, which, at times, manages by means of a violent shock, to bring back to life a person who has just died. There was — pardon the black humor — a temporary “death” of seconds. But if the defibrillator had not been there, his death would have been final.

Reading, in e-book, the aforementioned biography of Elon Musk, I was excited about the possibility of Rusk getting involved in Cryonics because extraplanetary travel, even limited to the solar system — Mars, Venus, Moon and, who knows, other celestial bodies — , depend on the normal lifespan of astronauts, human beings, of limited physical and psychological resistance for long confinements. “Sleeping” frozen, they would be able to mentally endure a waiting span of months and perhaps years in long space travels, driven by solar or atomic energy.

One will object that Elon Musk has so far only been interested in other subjects: physics, mechanics, robotics, the internet, cars, rockets, finance ( PayPal ), astronomy, administrative innovations and business challenges, there is no reason to expect him to get involved in a subject so different, biological, “medical”, as is the case with Cryonics .

It turns out that Musk, fortunately — for all of us — likes to try the very thing that has not been tried yet. He was born that way, as his biographer shows. If he fails, once, twice, or more, in some experiments his obstinacy increases even further. His first Falcon rockets failed. Instead of giving up, as would be deemed “normal”, he redoubled his efforts. Suffice to mention here — proving the success of his persistence — that his Big Falcon Rocket is 68.3 meters high and weighs hundreds of tons, according to the book. How can one manage to build a maneuverable rocket with such weight? Airplanes have wings, which support themselves in the air. Rockets do not have wings, they only rely on their own explosions. And how to design them to land in the right place? After the space flight, the rocket returns to Earth and lands vertically on a floating platform; at sea, or on the original launch pad. In the final part of the book, already mentioned, there is a photo of one of its rockets that show the technological gigantism of this “Hawk” that weighs “almost 500 tons”, in the author's words.

Who supervises, personally and in detail, a work of this magnitude? Musk himself. This fellow is, of course, a “visionary”, and  mankind advances faster because of visionaries who, when also courageous, accept tremendous personal risks with trial, error and success. Being “visionary” just imagining or writing books is easy. It is very different to actually create artifacts, companies and systems that can take the visionary to prison, death, bankruptcy or misery. If it were not for Johannes Gutenberg, who designed and built the first printing press to incorporate movable type and mechanized inking — considered the most important invention of the second millennium — books would still be hand-made, one by one. Civilization owes him a lot.

If Elon Musk manages to unfreeze someone, to its previous form, he will also enter the history of human progress. There is nothing more innovative, “revolutionary” than that. It will affect, unintentionally, even religions since the “resurrected” will be able to tell what he “saw” the other side. A much more remarkable feat than making super-powerful and controllable rockets in their flight and landing. Rockets existed before him, but much inferior. Robert Goddard, American who died in 1945, was the father of rockets. And let's not forget Werner von Braun a German, whose unique talent was used by Nazis and Americans. They were mere flying bombs.

In addition to the aforementioned accomplishments, Musk is the founder and CEO of Neuralink, which studies the human brain. Ultimately, it is the brain the main problem in Cryonics. An unfrozen brain, or inadequately thawed, becomes useless in a few minutes, hence the option of some eccentrics to just freeze their own head because it is cheaper. Nothing for Musk is uninteresting if it has any practical use, now or in the future. When a difficulty arises, he becomes obsessed, brooding over the problem until he finds a solution.

Precocious geniuses but the one that impressed me the most was that of Elon Musk, because his curiosity is boundless and requires knowledge of subjects that didn't even exist decades ago, available to previous geniuses. His biography is similar to that of Thomas Edison, a autodidact genius who did not just invent the electric light bulb. He registered more than a thousand patents and had as his motto not to give up. This is also the philosophy of Musk, who never gave up despite almost going bankrupt several times.

If the reader feels I am exaggerating, please read his biography, mentioned in the beginning of this article. His biographer has spent a couple of years researching Musk's life and he does not seem to be a billionaire's kiss-ass and not always in agreement with his subject's line of thinking. The book, for the average reader — who knows little about engines — could be less detailed about mechanical and financial problems, but it may be of interest to mechanical engineers and young entrepreneurs of startups, electric vehicles and rockets. And when I say rockets, I remember that they carry spy, communication and weather satellites.

Of course, as of this date — July 2022 — the possibility of the total extinction of the human species is very remote. Even in the event of a dreadful nuclear conflict, perhaps  triggered by an accidentally fired missile — the “immediate strike” — involving the US, Russia, Ukraine, the European Union, China, and the remaining countries, it is clear that the human species will not disappear instantly. It will only go back to an almost savage condition, perhaps gradually disappearing from a widespread radiation.

Danger of sudden death could occur if Earth is struck by a huge meteor, or asteroid, if not destroyed before it reaches our planet. Or in case of malfunction of the sun itself. With no time to prepare an escape of a few hundred humans to Mars, the human species could in fact disappear. This is a cause of concern to the controversial inventor, summarized here. However, if he gathers and heads some twenty or thirty brilliant minds on the planet – ­­ physicists, chemists, doctors of various specialties – with exclusive dedication, I am sure they will be able, without much delay, to freeze and thaw, in the right way, any human being. Surely this feat will be less complicated and expensive than colonizing Mars. It will also be necessary, of course, to change the legislation in the definition of “death” and the freedom of the person to decide what to do with his own body and life.

To reiterate, Elon Musk is a gifted visionary, with a peculiar tendency to accomplish what to everyone seems impossible, or too far away. Reading his biography I was reminded of Thomas A. Edison, who attended public school for only three months, but being very naughty, was frowned upon by the teacher. He preferred to drop out and was educated by his mother. He became famous for having invented the electric light bulb and, according to him to have carried out 1,200 experiments to discover a filament, a conductor of electricity, which would not burn easily with a resistance to the passage of electricity, emitting light. He registered 1,033 patents. As a boy, he kept inventing incessantly.

The same phenomenon of precocity occurred with Elon Rusk , who, seeing something “stuck”, malfunctioning, immediately began to imagine a solution to give it speed and functionality. Knowing that the gasoline-powered car is polluting, he decided to manufacture the electric car intending over time to democratize its use. For this one, it needed special batteries and distribution across the country. He invented and continued to improve them. One invention led to another and as he mastered physics and the internet, finance and sales techniques, he managed to create Tesla, the largest electric car manufacturer in the world.

I will not proceed with its accomplishments. Read his biography and if you are still interested in freezing people, read my novel, in e-book: “ Cryonics ”, subtitled “the first Brazilian novel about human freezing”. It is available on Amazon.com

Please do not mix Cryonics with any religion, thinking that this technique — if successful — will defy “divine designs”. On the contrary. I imagine that God wants human beings to live happy and healthy lives, not to die “before time”. That is why there are the Holy Houses of Mercy. Believers, seriously ill, or injured, or their families, pray — with the support of priests — even asking for miracles. Is penicillin a bad thing, an invention of the devil? If the Pope were sick, on the verge of death, would it be an offense against God to pray for his healing? If that were the case, all Medicine would be cursed, for pretending to “compete” with the power of God.

There is no reason to reject Cryonics , if it gets too far advanced, allowing eccentric millionaires — with successive freezing and using stem cells — to live 120, 150, or more years, forming a dictatorial “elite” dominating enraged masses with so much inequality. Even if the medicine of the future manages to manipulate stem cells creating new neurons, youthful skin, and other restorations, it is presumable that future scientists and governments will have enough sense not to use Cryonics as a Frankenstein factory. It will just be a new therapy, not the pursuit of physical immortality—a bad idea for an already overcrowded planet.

Today, it is not just cancer that frightens humanity. The increase in longevity is no longer so rewarding. Alzheimer's disease sours the joy of living long. What is the point of reaching 90 or 100 years if the person is half-blind, deaf, amnesiac, unable to handle a cell phone or recognize family members?

A few special innovative talents could add two or three decades of lucidity. They would hasten the advance of civilization. Men like Einstein, Edison, and several others scientists would deserve this privilege, not for the enjoyment of idleness, but for the sake of productivity and the good of humanity.

Trees that bear beautiful fruit for a longer period deserve better care from the farmer. I do not know what is Elon Musk’s though on this.

Attention: I wrote this article in Portuguese and then tried to translate it with the help of Google Translate, because my knowledge of English is limited. The translation was instantaneous and practically perfect, like "guessing" what's in my head. I don't know how a "machine" can translate so quickly and intelligently. I only changed the version in those details where my style was really a bit confusing. Congratulations, therefore, to Google.

To contact the author please use the following e-mail,
oripec@terra.com.br 

Francisco Cesar Pinheiro Rodrigues
retired judge

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