quarta-feira, 11 de setembro de 2013

W. Putin, “atitude” e considerações afins.


Nunca imaginei que um dia elogiaria Wladimir Putin. Agora, em um  momento especialmente ameaçador para a paz mundial — fim de agosto e início de setembro de 2013 —, ele me parece merecedor de algumas medalhas. Isso comprova que até na traiçoeira política, existem reviravoltas redentoras.

Sábia, por isso, a orientação de não se dar, às ruas, nomes de políticos vivos. Tudo pode acontecer antes ou depois da morte do “impoluto emplacado”. Falhas morais graves podem vir à luz e daria muito trabalho alterar os nomes das praças e ruas, confundindo os carteiros, GPS e todas as comunicações humanas. Por outro lado, pessoas malvistas podem, inesperadamente, revelar qualidades elogiáveis. O bem e o mal convivem, embora aos arranhões e mordidas, dentro de todo ser humano, embora com imensas diferenças de intensidade.

Há duas qualidades que sempre despertaram meu respeito e estão cada vez mais ausentes entre os governantes, no mundo inteiro: “personalidade” e “atitude”. Alguns podem dizer, com razão, que são sinônimos, mas como tudo, visto bem de perto, pode ser fatiado, dissecado e esmiuçado, será lícito, aqui, fazer uma distinção entre essas duas qualidades.

A “personalidade” é uma virtude essencialmente intelectual: a de pensar por conta própria, externando sua opinião com total independência e honestidade — inclusive consigo mesmo, a parte mais difícil —, ainda que todos os “mestres” e donos da verdade e do dinheiro digam o contrário. Significa, também, não dar importância às críticas alheia, mesmo sem dizer nada.

“Atitude”, por sua vez, é o complemento mais belicoso da “personalidade”.  Algo mais próxima da coragem física. De não só discordar da unanimidade errada —, falando baixo e assustado —,  mas afirmando e provando, às claras, alto e bom som, que os demais estão errados. E dizer isso  até mesmo sob vaias, ovos, cuspidas, tapas e pontapés. A firmeza de caráter quando todos vacilam é algo admirável, quase sobre-humano. Principalmente quando, por dentro, o “atrevido” está tremendo de medo mas sente-se obrigado a fingir que não está. Tudo isso pressupondo, claro, que o destemido herói, ou heroína, não esteja  somente com a intenção de sensacionalismo demagógico, visando captar a admiração de uma audiência especialmente ignorante e predisposta a ouvir mentiras como sendo verdades.

Mídia e pesquisas de opinião parecem acovardar políticos de todas as tendências, nos variados países. Eles querem apenas elogios, como se o público e a mídia estivessem sempre certos, esquecidos de que as mesmas fraquezas dos políticos estão espalhadas na população e nas redações de jornais e revistas. “Líderes” existem para liderar, não para serem liderados pela opinião pública que, frequentemente, não passa da opinião da mídia mais poderosa, capaz de alugar os melhores cérebros redatores.

Putin não merece elogios no que se refere ao “truque” eleitoral do revezamento do poder na Rússia, com seu amigo que hoje é vice-presidente e antes estavam em posições trocadas. Mas é elogiável na sua posição de exigir provas confiáveis de que o ataque contra a Síria só deve ser realizado se ficar provado — sem mutretas — que foi o governo sírio e não a oposição armada que utilizou armas químicas contra a população síria. O veto da China e da Rússia, no Conselho de Segurança, foi um dos poucos exemplos de que o poder de veto também pode ser necessário em determinadas situações.

Putin também mostrou personalidade na questão de dar abrigo provisório, por um ano, a Edward Snowden — ex-prestador de serviço de uma agência de segurança americana — que está sendo procurado pelos EUA sob acusação de espionagem. O presidente russo até mostrou, inicialmente, má vontade, em acolher uma pessoa odiada por uma nação de enorme poder econômico e militar, com a qual pretende manter boas relações. Essa decisão não foi nem um pouco lucrativa, em qualquer sentido, para Putin ou para a Rússia, mas, moralmente era a única possível. Isso porque o “crime” de Snowden não foi, na verdade, um ato de má-fé, como todo delito. Foi um crime apenas de conveniência, que garante a permanência de algo moralmente errado: a hipocrisia dos governos. E quem, em sã consciência, pode elogiar e torcer pela manutenção da hipocrisia?

Snowden estava, há vários dias — antes da concessão do abrigo —, na área de trânsito de um aeroporto russo. Não poderia ficar nessa situação indefinidamente. Se saísse do aeroporto seria capturado por agentes americanos. Se Putin deportasse Snowden para os EUA ele seria julgado por traição. Talvez condenado à morte, apesar do governo americano dizer, mais recentemente, que não seria aplicada a pena capital. Ele receberia “apenas” a prisão perpétua. Essa promessa de Barack Obama teria valor relativo porque se a legislação americana diz que, nos casos de “traição”, a pena é de morte, o Judiciário poderia, em tese, condená-lo à morte, ignorando a proposta do presidente da república.

Parece-nos evidente que Snowden não cometeu um crime de “traição”, porque esta pressupõe a intenção dolosa de transferir determinados segredos aos inimigos do próprio país. E o corajoso ex-funcionário claramente não agiu com essa específica e traiçoeira intenção. Apenas mostrou, aos cidadãos do próprio país, e aos demais países — sem selecioná-los entre amigos ou inimigos —, que os EUA espiam todo o planeta, no âmbito público e privado, tirando proveito de sua superior tecnologia. Espionam até os governos amigos. Essa superioridade “espionática”, somada à superioridade bélica, inclusive nuclear, permite à sua nação um predomínio e controle quase absoluto sobre o resto da humanidade.  E o poder excessivo está sempre sob tentação do abuso.

Enfim, Snowden agiu como um idealista, um saneador enojado do que via. E nada lucrou com isso. Pelo contrário, tornou-se um pária internacional, correndo de lá pra cá, perseguido, até conseguiu chegar a um dos aeroportos de Moscou. onde passou a viver na área aberta ao público. Certamente sem poder sequer tomar banho normal, porque os banheiros dos aeroportos não dispõem dessas facilidades. Snowden, movido por um impulso ético, tornou-se um improvisado corregedor dos maus costumes políticos. Atitude desassombrada que certamente influirá para que a política, doravante, progressivamente, seja menos mentirosa, o que é algo bom para a humanidade. Um passo que se mostrará histórico, bem aceito pelas pessoas de bem que gostariam que os governos fossem menos falsos uns com os outros e com os próprios cidadãos.

Há quem diga, em análises medíocres de jornais, que Snowden errou, porque a espionagem é generalizada. Ele, portanto, não passaria de um “ingênuo”.

 Ora, o tráfico de entorpecentes, o desvio de dinheiro público, o assassinato por encomenda, o trabalho escravo, o estelionato, a propaganda enganosa, o tráfico de mulheres, a pornografia infantil e toda uma vasta gama de crimes também existe em todos os países e, no entanto, nenhum governo pensou em não combatê-los só porque isso é prática generalizada.

Putin também está certo ao solicitar à justiça providências legais contra chargistas russos que o desrespeitam e também ao seu primeiro-ministro, desenhando-os como mulheres em situações de carinho íntimo ou coisa assemelhada.

Qual o embasamento para meu apoio a Putin? A consideração de que o mesmo grau de respeito devido aos seres humanos, em geral, deve subsistir quando chefes de estado são criticados. Aquilo que não se tolera seja feito contra um coletor de lixo (“resíduos”,) não pode ser permitido contra um político, dentro ou fora do poder. Não é porque um cidadão se tornou chefe de estado, ou de governo, que poderá ser avacalhado sem qualquer restrição. Não me refiro à censura prévia. Refiro-me à permanência “residual” dos direitos humanos mesmo para os cidadãos em posição de mando.

Poucos anos atrás, um cidadão comum, no Brasil, moveu ação cível, ou trabalhista — não me lembro desse detalhe — pedindo danos morais de seu ex-patrão porque este o obrigava a dançar ridiculamente em cima de uma mesa, enquanto os demais empregados caçoavam.

Qual o motivo da punição patronal? O reclamante, participante da equipe de vendas, fora aquele que menos vendera em determinado período. O castigo, claro, não era físico. Era apenas moral, mas não menos doloroso. Visava desmoralizá-lo. O patrão, certamente, defendendo-se, argumentou que o vexame visava “estimulá-lo’. Mas a Justiça deu ganho de causa ao ex-empregado — ele pediu demissão ou foi demitido —, dando como fundamento o direito de todo ser humano de ser tratado com dignidade.

Se esse vendedor não conseguia vender tanto quanto seus colegas, a solução do patrão seria colocá-lo em outra função, ou dispensá-lo. E certamente ficou demonstrado nos autos — li a notícia em site jurídico — que a dança ridicularizante foi executada com perceptível constrangimento do empregado.  Se o empregado era um brincalhão ou palhaço nato, desses que até gostam de qualquer “palco”, não teria ele direito a qualquer indenização.

Foi uma decisão justa. Tão justa quanto seria se um diretor  de empresa, homem severo e exigente, fosse retratado, em jornalzinho interno dos empregados, em posições ridículas. Como, por exemplo, nu, agachado, fazendo, suas necessidades fisiológicas. ou dançando o cancã francês mostrando o traseiro empinado à plateia. Em suma: empregados e patrões, governados e governantes são portadores do mesmo direito humano de conservar sua dignidade. 

Outro exemplo admirável de “atitude” verificamos em Dwight Eisenhower, presidente dos EUA entre 1953 e 1961. Conta-se que, quando esse general, especialmente inteligente e organizador, comandava as forças aliadas na luta contra o nazismo, ficou sabendo que um seu general subordinado, George Patton — militar valoroso mas especialmente intolerante e agressivo —, havia ofendido e esbofeteado um soldado que encontrava-se em tratamento no hospital do exército. O soldado estava com a “síndrome de fadiga de combate”, ou exaustão nervosa. Patton não admitia tais “sensibilidades” e por isso, além de chama-lo de “covarde”, ordenou que fosse expulso do hospital.

Esse fato chegou aos ouvidos de Eisenhower. E o que ele fez? Exigiu que o Gen. Patton, na frente da tropa, solenemente, pedisse desculpa ao soldado esbofeteado. E assim foi feito. Nem todo chefe de operações faria isso, considerando o prestígio do Gen. Patton, muito admirado por ser um “linha dura” especialmente admirado pela coragem. Conta-se também que Eisenhower, competentíssimo militar, era inimigo declarado de todas as guerras e recusara oito vezes pedidos políticos para novas aventuras guerreiras.

Cito agora três exemplos de “personalidade”, desta vez de um general brasileiro, hoje e sempre desprezado pela mentalidade de esquerda. Trata-se do Gen. Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar.

Segundo noticiou um respeitado jornalista, Carlos Chagas, quando Castelo Branco morreu, em um acidente de aviação, deixou como bens um apartamento em Ipanema e algumas poucas ações de empresas públicas e privadas. Era um homem honesto. E demonstrava grande respeito pela Justiça do Brasil. A tal ponto que quando o então presidente do STF, Min. Ribeiro da Costa, o procurou, logo após instalada a Revolução de 1964, propondo que nas ações judiciais envolvendo reivindicações salariais de magistrados, tais ações não seriam mais julgadas por juízes, mas por senadores,   Castelo Branco afastou logo a sugestão, dizendo confiar na Justiça Brasileira.

Outra atitude corajosa, sua — porque desagradaria muitos colegas militares —, foi com relação a um juiz paulista, Dr. Antônio Carlos Alves Braga, que teve a audácia de contrariar uma ordem do Movimento Revolucionário, logo no seu início, quando todos temiam o poder ilimitado dos militares. O fato me foi contado pelo próprio juiz, e o resumo aqui: instaurada a Revolução, um oficial do exército, na cidade onde o Dr. Alves Braga era juiz, ordenou a apreensão, sem maiores formalidades, do gado de algumas fazendas da comarca. Um dos fazendeiros locais, não se conformou com essa forma sumária de perder o rebanho e entrou com um mandado de segurança contra a autoridade militar que ordenara o confisco.

  O Dr. Alves Braga — outro cidadão vocacionado para atitudes firmes —, deferiu a liminar, impedindo a apreensão do gado. Pouco depois, um oficial do exército foi ao fórum para falar com o juiz, pretendendo a revogação da liminar, encarecendo a necessidade de carne para os quarteis e os ilimitados poderes inerentes à situação revolucionária. Esforço inútil, porque o juiz disse ao oficial que, pelo que sabia, a legislação civil ainda estava em vigor e o gado só poderia ser apreendido com obediência aos procedimentos legais.

O oficial não gostou do que ouviu e retirou-se, obviamente ressentido, ou abertamente indignado. Na noite do mesmo dia o juiz chegou a confessar à esposa que ela precisaria se acostumar com a ideia de tornar-se a mulher de um ex-juiz desempregado, porque alguns magistrados estavam sendo “caçados” pela Revolução, sob suspeita de serem esquerdistas.

Qual não foi a surpresa do juiz quando, dias depois, recebeu uma carta, ou ofício, assinado pelo próprio Castelo Branco, elogiando sua atitude firme e dizendo que o oficial que o visitara no fórum havia sido punido.

Finalmente, mais uma passagem do Mal. Castelo Branco: quando ele estava na Itália, no fim da 2ª. Guerra Mundial, comandando os soldados brasileiros que lutavam contra os alemães, na véspera de um combate especialmente arriscado um oficial de baixa patente, ou sargento — não me lembro do detalhe — disse que não iria participar dessa batalha. Justificou-se dizendo que era pai de uma criança bem nova e que não queria que o menino ficasse órfão no dia seguinte.

Castelo Branco foi chamado para resolver o caso e depois de ouvir as razões do insubordinado, lhe disse — desabotoando o coldre e pondo a mão sobre o revolver —, que se ele fugisse ao seu dever de soldado o filho dele estaria órfão no dia seguinte. O aviso era bem claro e o subordinado achou mais prudente participar do combate. Resultado: esse militar recebeu uma das mais importantes condecorações de guerra, conferida por ato de bravura. Se ele tivesse fugido a seu dever certamente carregaria até o fim de seus dias, a etiqueta de “covarde”. Se o general, conforme insinuado, o mataria, ou não, caso persistisse na sua recusa, não dá para saber, mas essa ameaça fez um grande bem ao jovem militar que seria carimbado como medroso, apesar de não o ser. A própria recusa, inicial, de não combater, já era um sinal de sua valentia, depois confirmada com sua ação, reconhecida por medalha.

Ao buscar informações na internet, sobre nomes de militares, deparei com a informação de que todos — todos — os  cinco presidentes militares, de Castelo Branco a  João Figueiredo, foram homem honestos, que saíram de seus cargos sem qualquer acréscimo patrimonial. Saíram como entraram: classe média, bem média mesmo. Isso é raro, hoje em dia, e mostra que eram pessoas idealistas, convictos de que se a esquerda tomasse o poder o Brasil se tornaria uma Cuba ampliada, com baixa renda per capta.

Se houve — como realmente houve —, torturas e abusos contra direitos humanos, isso ocorreu muito mais em razão da presença de indivíduos sádicos nos escalões inferiores dos governos. Sádicos há em toda parte, até dando trotes cretinos em faculdades. E o sadismo — caso a esquerda, tomasse o poder —, também afloraria, igualmente na forma de torturas e largo uso do “paredón contra “terroristas de direita”. O ser humano é assim, quando em situação de desafio e conflito. Daí a necessidade da permanência do estado de direito e da democracia, com alternância do poder, mesmo com toda a carga de eventual ineficácia que a acompanha. Ocorre que a democracia frequentemente degringola, vitimada pelo próprio relaxamento. Por falta de “atitude” dos governantes.

Para escrever os dois parágrafos acima, confesso que precisei pedir emprestado uma boa dose da bravura, ou “atitude”, dos ilustres nomes acima mencionados. É tabu dizer a verdade, no Brasil, elogiando a honestidade de militares ex-presidentes quando os ventos sopram com quase unanimidade e preconceituosos, em sentido contrário. Agora, esconder esse fato relevante seria até mesmo falta de caráter.

Não sou saudoso da ditadura militar mas acho que alguns governadores e magistrados são excessivamente medrosos de agir com a energia que algum situações exigem. A anarquia das depredações, com vândalos de rosto coberto, tem sido tolerada em excesso. Se o manifestante está de rosto coberto está confessada a sua vontade de depredar ou atacar policiais. Se o motorista recusa o uso do bafômetro isso implicaria em confissão de que bebeu antes de dirigir. Caberia ao autuado, depois, na justiça, tentar, em ação ajuizada por ele, invalidar a punição, com o ônus da prova de que não estava embriagado, nem havia bebido antes de dirigir. Os professores, nas salas de aula devem mandar e ensinar, sem medo de apanhar dos alunos. Ainda falta muita “atitude” no nosso país. Espero que a excessiva tolerância com a anarquia não desperte crescentes saudades de tempos mais rígidos e militarizados.

(11-09-2013)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Síria. Intervenção e real motivação.

É uma triste e paradoxal realidade: quanto mais abrangente, urgente e internacional for um problema, ou dilema, maior a cegueira política — termo mais gentil que burrice —, ou fraqueza moral dos que opinam ou decidem a respeito.
Deveria ser o contrário, porque os problemas mais graves e complexos exigiriam soluções de altíssimo nível, só esperável de pessoas de invulgar inteligência e bom senso. Homens e mulheres capazes de enxergar claro em situações nebulosas, distinguindo fatos de “versões de fatos”. Da mesma maneira que um médico, jurista, ou outro especialista competente, apos ouvir a explicação esparramada do cliente, afasta pencas de minúcias inúteis e “pesca” somente o que é essencial. A quantidade só influi na qualidade quando se trata de estatística. Assim mesmo conforme a qualidade da estatística. Quem a faz, seu “direcionamento”, a honestidade dos coletores de dados, etc.
Pensando melhor — escrever força-nos a raciocinar... — a mencionada “cegueira política” em problemas internacionais é, quase sempre, muito menos intelectual, que moral. Experientes chefes de governo e seus altos representantes bem que percebem, no fundo de suas doloridas almas — doloridas de tanto serem retorcidas —, onde está a verdade e onde está a mentira; ou a meia-verdade, que é também meio-mentira.
O difícil é agir, ou mesmo falar em consonância com a verdade, essa coisa ingrata, chã, triste, que quase nunca traz vantagem ao seu emissor e já levou alguns ao patíbulo. A rotina, na história da humanidade, tem sido a seguinte : primeiro enforcam o “maluco inconveniente”. Anos depois, arrependidos, entregam-no, petrificado, aos pombos para neles estimularem o movimento de seus desrespeitosos intestinos.
A ditadura do “politicamente correto”, o medo da imprensa e da volubilidade dos eleitores obriga os eleitos a fingir que estão sinceramente convictos de que os fatos estão conforme proclamam — eles mesmos ou seus gurus —, embora ainda tenham sérias dúvidas. Ou, mais ainda, sabem perfeitamente que a realidade é bem diversa: — “Se eu disser o que penso, estou “frito!”. Não tenho a mínima ambição de ser um Sócrates n.2. Preciso pensar no meu cargo, nos meus aliados, na minha carreira, na minha família, na minha conta bancária”. E para obter alguns votos (vencidos) no tribunal da própria consciência, tranquilizam-se de um modo bem prático: — “Se os fatos comprovarem, depois, que eu estava errado, paciência... Sou humano e errar é humano, pois não? Direi que agi por patriotismo, pensando somente no bem geral. E quem poderá provar o contrário?”
Não sei se George W. Bush pensava literalmente assim, mas ele mesmo sabe. Pelo menos na questão das armas de destruição em massa, quando da invasão do Iraque. Tais armas, constatou-se, não existiam. Depuseram e enforcaram um presidente (mesmo sendo ditador, era um presidente) de um país que não estava atacando os EUA. Invadiram-no; destruíram a economia de uma nação; mataram milhares (inclusive soldados americanos e europeus ); incentivaram involuntariamente o terrorismo; gastaram, inutilmente, trilhões de dólares e tudo ficou por isso mesmo.
Mas nem tanto, porque os EUA hoje já não são os mesmos, não têm mais a força nem o prestígio de vinte anos atrás. É, provavelmente, o começo de uma decadência. Contra meu desejo, faço questão de frisar, porque os Estados Unidos, mesmo com seus defeitos — também existentes em todos os países — muito contribuíram para o progresso do planeta no que se refere à capacidade de organização, praticidade, inovação tecnológica e interesse na difusão de direitos humanos.
Quando seus líderes abusam do poder, essa é uma velha e persistente doença do bicho homem, seja qual for sua raça. E raça nenhuma está livre do impulso genético, animal, de ser “superior”. Impulso que pessoas boas e sensatas procuram conter, por considerações éticas ou misericórdia. Mas políticos astutos, sentindo o potencial dessa força instintiva, tiram dela o máximo proveito dando a ela o nome sonoro de “patriotismo”, ou “nacionalismo”. Ninguém pode negar que Hitler foi um grande patriota. Mesmo sendo austríaco, amava a Alemanha a tal ponto que queria dominar a boa parte da Europa e Ásia para fornecer à “raça ariana” um enorme “espaço vital” que duraria pelo menos mil anos. Mas vamos parar por aqui, porque o assunto é bem explosivo quando se trata de formação de países dando prioridade à origem racial de seus habitantes.
Estamos, neste exato momento, talvez a poucas horas, ou dias, de um novo conflito — agora com a Síria — que poderá se transformar em um novo “Iraque”, porque as guerras “sabe-se como começam, mas não como terminam”, uma platitude que, mesmo sendo tal, precisa sempre ser lembrada. A tragédia das populações afetadas não se limita aos dias de combate mas ao que ocorre antes deles — com o êxodo desordenado de milhões  — e, principalmente, depois, instalado um caos que pode perdurar por muitos anos. O Iraque foi invadido em 2003 e dez anos depois ainda lá explodem carros, prédios, bicicletas, jumentos com dinamite, e suicidas fanatizados por um ideal de vingança que consideram justa e do agrado de seu Deus.    
Qual o fundamento para se bombardear a Síria? As fotos de crianças e adultos mortos, ou espumando pela boca? O fato de Bashar Assad ser um ditador que teima em não largar o poder? Qual o jogo de interesses subjacentes à utilização dos gases venenosos?
Que houve o envenenamento de crianças e adultos, com uso de gases tóxicos, nos subúrbios de Damasco, não há dúvida e o próprio governo sírio reconhece. A questão é saber quem é o responsável pelas cenas de horror, principalmente quando mostram crianças mortas.
 Simplesmente não acredito que esse massacre, com produtos químicos, tenha ocorrido por ordem pessoal de Bashar Assad. E não acredito porque seria estupidez anormal, considerando que Assad não faria isso justamente quando inspetores da ONU estão no seu país, em campo, para investigar esses fatos. Além disso — conforme mencionado pelo próprio Assad, quando entrevistado recentemente —, tais inspetores informaram que, visitando hospitais e locais onde doentes estavam sendo tratados, havia também, entre os feridos, soldados sírios, defensores do regime. Assad não assumiria o risco de envenenar seus próprios soldados. Uma coisa é ser ditador — mesmo “eleito” em plebiscito, sem concorrentes — e outra ser excepcionalmente estúpido para envenenar seus adeptos, em área tão próximas dos de edifícios do governo e justamente, como disse, quando presentes, na cidade, inspetores procurando provas.
Como é fraca a credibilidade de que Assad iria permitir tanta tolice, seus inimigos aventaram uma explicação mais fácil de engolir: os ataques teriam sido iniciativa do irmão mais novo de Bashar, Maher al-Assad, comandante da 4ª. Divisão Blindada, indivíduo de “pavio curto”, bem conhecido por sua agressividade. Assim, a versão de culpa do regime pareceria mais convincente porque, de qualquer forma, incriminaria o presidente Assad. Ele seria culpado, pelo menos, pela omissão, por não conter o irmão meio louco. Difícil, no entanto, acreditar que esse irmão fosse tão irresponsável a ponto de fazer asneiras nas barbas dos inspetores.
John Kerry, o atual secretário de estado americano, tem sido infeliz toda vez que abre a boca. Recentemente, no Brasil, perguntado sobre a espionagem eletrônica das comunicações brasileiras, até mesmo da presidente da república, admitiu que a espionagem existiu e continuaria existindo, “para o bem do Brasil”. A presidente poderia ter retrucado da seguinte forma: — “Ótimo! Isto significa que poderemos também, com base na reciprocidade, espionar as comunicações eletrônicas e telefônicas americanas. Mas faremos isso para o bem de vocês”.
Kerry frequentemente afirma que o governo americano já tem provas seguras da utilização de armas químicas pelo governo sírio. Se dispõe dessas “evidências”, por que não as mostra à ONU, que mantem-se cética? Não basta ele — interessado em atacar a Síria — descrever, com floreios de oratória sentimental, a agonia e morte de criancinhas. Quer mostrar-se “durão” mas obviamente despreza a inteligência de quem o ouve. Não foi à-toa que perdeu a eleição presidencial.
“Navegando” na internet em língua inglesa — nem tudo aparece, no Brasil, em português —, em busca de mais informes, descobri, acidentalmente, alguns sites bastante informativos sobre o que ocorre na Síria, no momento. Se o leitor quiser ouvir também “o outro lado” da esquiva verdade — pouco mostrado pelos principais jornais brasileiros —, acesse www.mintpressnews.com, www.infowars.com e www.nomorefakenews.com ,que apresentam fortes argumentos de que a Arábia Saudita, através de um determinado cidadão saudita — não anotei o nome — seria a responsável pela remessa e armazenamento de gases tóxicos para os rebeldes sírios espalharem nos arredores de Damasco como se isso fosse obra de Bashar Assad.
Não tenho qualquer admiração por Assad mas ele é um homem de inteligência no mínimo mediana. Estou medicina, inicialmente no seu país e terminava seus estudos na Inglaterra quando seu irmão mais velho faleceu em um acidente automobilístico. Bashar Assad pretendia ser apenas um oftalmologista. Com a morte desse irmão, que sucederia o pai — Hafez al-Assad, antigo ditador —, substituiu o falecido irmão nos planos do progenitor para continuar a “dinastia”, conforme a “tradição” dos ditadores e mesmo dos políticos democratas do Ocidente. Um sobrenome importante, um Kennedy, ou Bush, ou Neves — sempre é procurado por chefes de partidos em busca de votos. Bashar tornou-se presidente através de um estranho plebiscito, sem concorrentes (sic), mas, de qualquer forma, era um presidente que, antes de 2011, sentindo-se apoiado pela população, até pretendia disputar as eleições presidenciais de 2014. Mostrava-se moderno, ocidentalizado, sem fanatismo e, pelo que sei, era bem quisto talvez pela maioria da população.
Sendo ele, pelo menos juridicamente, o chefe de estado e de governo de um país importante no Oriente Médio, talvez convencido de que era um presidente com razoável apoio da população, não viu porque abdicar do cargo, “na marra”, só porque era filho de um ditador e a oposição queria seu lugar, aproveitando os ventos democráticos que assopravam na região e pediam a queda dos ditadores. Queda que certamente, ao ver dele, Bashar, não transformou o Oriente Médio em um modelo de democracia. Esta, enfiada “goela abaixo” pelos EUA no Iraque e no Afeganistão só piorou a situação das populações locais que vivem hoje muito pior que no tempo de Saddan Hussein. No Egito, a anarquia tornou-se total, e na Tunísia e na Líbia a situação não oferece boas perspectivas.
É de se presumir que Bashar Assad interprete o desejo de sua expulsão do poder não como elevado anseio de democratas puros, idealista. Deve considerar a oposição — composta de contraditórios interesses, inclusive com membros da Al-Qaeda —  apenas como ambição de grupos que lutam, interna e externamente, pelo poder. Luta válida, em tese, considerando que a “dinastia” Assad está no poder a mais de quarenta anos. O pai de Assad governou a Síria durante 30 anos. No entanto, o caminho democrático para desalojar Assad seria através de eleições, de convencimento do eleitorado. Não pela força das armas, obtidas de países inimigos da Síria.
Se o Ocidente pretendia tirar Assad do poder, para o bem da população síria — e não para satisfazer os interesses do Ocidente e de Israel —, deveria, antes de apoiar os rebeldes com armas, fazer uma sondagem honesta e informal das preferências da população síria. Se constatasse que a população, em sua indiscutível maioria, preferia o “status quo”, com Assad, não deveria interferir, fornecendo armas aos rebeldes. Esse tem sido o método normal, tradicional para a mudança de governos. Os povos têm o direito de, eles mesmos, manter ou mudar os regimes. A Arábia Saudita, por exemplo, não é uma democracia. É uma monarquia em que o rei não é mera figura decorativa, mas, no entanto, seus cidadãos não demonstram o desejo que mudar o regime. Por que o Ocidente deveria estimular a mudança do regime saudista, contra o desejo de sua população?
Quanto aos inimigos externos, Assad está em conflito surdo e impotente com Israel. Isso porque Israel é militarmente dez vezes mais poderoso que a Síria. Já duas vezes a bombardeou e apoderou-se de território sírio, as Colinas de Golã. Iniciado o movimento para sua deposição, Assad presume que é Israel que, nos bastidores, “comanda o espetáculo” de sua derrubada, sem assumir o ônus político dessa manobra. Como Assad é forte aliado do Irã — que apoia o Hezbollah, no Líbano — presume que sua queda, sob o pretexto de “luta pela democracia”, significa, para Israel, “comer o Irã pelas beiradas”, tornando o país persa cada vez mais isolado e fraco. Presume que, totalmente enfraquecida a Síria na futura luta do poder — entre os diversos grupos que se digladiarão após sua queda —, será a vez de Israel destruir o Irã, tornando Israel o único país em situação estável no Oriente Médio. Um país com total superioridade bélica, inclusive nuclear, cada vez sentindo-se mais fortalecido com a evidente timidez de Barack Obama, sempre incapaz de dizer um “não!” a Netanyahu, mesmo quando esse ignora abertamente as recomendações de Washington quase implorando para que não amplie os assentamentos de colônias na Cisjordânia e Jerusalém.
Obama — homem honesto, inteligente, bom chefe de família e intelectual respeitável, de passado limpo, age, absurdamente, no que se refere ao Oriente Médio, como se fosse um político “com telhado de vidro”, chantageado, temeroso de atuar conforme suas íntimas convicções. Não acredito — e muita gente deve sentir o mesmo —, que ele mesmo acredite nas frases que profere pedindo apoio do Congresso para um ataque contra a Síria. Para supostamente “convencer” o público americano — no fundo não quer —, diz que pretende atacar a Síria porque “há uma ameaça iminente à segurança do povo americano”(risos), como se os EUA estivesse sob a mira da fraca e longínqua Síria. Ameaça haverá, isso sim, se os EUA cederem a pressão externa, bombardeando a Síria, com isso despertando nos sírios mais aguerridos um profundo desejo de vingança que pode se materializar em terrorismo químico espalhado gases venenosos nos inúmeros metrôs americanos.
Obama diz, ainda, inocentemente, que não pretende derrubar Assad, “mudar o regime”. Quer apenas fazer uns “bombardeiozinhos” tópicos, evitando vítimas civis, nos locais que armazenam material químico. Mas, segundo a imprensa, são cerca de 50 os pontos visados, sendo impossível evitar a morte de civis. E os insurgentes, cada vez mais armados pela Arábia Saudita, por americanos e outros, disseram aos repórteres, que estão desapontados com a hesitação americana porque já estão de prontidão para ocupar as mencionadas instalações que armazenam gases, logo após os bombardeios. Ocorrendo tais ataques, com foguetes disparados a milhares de quilômetros de distância — haja pontaria! —, em navios ou porta-aviões, não será estranhável se alguns rancorosos sírios se sintam moralmente autorizados a envenenar ou colocar bombas em  50 metrôs nos Estados Unidos “apenas como tópicas retribuições, mas sem pretender tirar Obama do poder”.
Repetindo, não há dúvida que gases tóxicos foram espalhados nos arredores de Damasco pouco antes da chegada dos inspetores da ONU, mas a autoria desses crimes ainda é uma incógnita, mas com forte probabilidade de que não foi Bashar Assad quem fez isso. Alguns inspetores, trabalhando nas ruas, já disseram aos repórteres — o leitor pode reler tudo o que já foi publicado na imprensa, para se certificar — que foram instruídos apenas — apenas! — para verificar a presença, ou não, do gás, não quanto a quem fez isso. É um outro indício de que está sendo forjada uma investigação orientada para concluir, de antemão, que Assad precisa ser deposto o quanto antes.
Alguém já disse que nunca se mente tanto quanto nas guerras e após as pescarias. O caso da Síria é exemplar. O governo de Israel — não me refiro ao seu povo, sempre um tanto vítima da propaganda de seus governantes, como ocorre em todos os países — tem o máximo interesse em levar a anarquia a um país, Síria, que tem se mostrado hostil a sua intenção de permanecer como o país mais forte do Oriente Médio. A Síria apoia os palestinos, o que desagrada Israel. Este sente-se incapaz de conviver com palestinos e nem mesmo os quer como vizinhos. Por isso nunca aceitará, voluntariamente, a criação de um Estado Palestino. “Um de nós dois deve sair da Palestina!”, é seu sentimento mais profundo. E é fácil adivinhar quem ficará como dono único.
Mencionei a Palestina, no problema sírio, porque no fundo de todas as desavenças entre árabes e judeus está a questão palestina. Enquanto as Nações Unidas não tiverem a coragem de dar o “grande passo” jurídico, evolutivo, resolvendo, ela mesmo — sem esperar um acordo entre as partes que nunca virá —, a divisão equânime do espaço palestino, com fronteiras definidas pela ONU,  ou algo mais radical, o Oriente Médio não encontrará a paz. E até agora não ouvi nem li qualquer opinião de Obama sobre a única solução viável e inteligente para uma ferida moral que alimenta todas as demais feridas.
Obama, um homem inteligente e preparado, seria a pessoa mais adequado para sugerir  esse grande avanço no Direito Internacional. Ele está deixando passar uma grande oportunidade, certamente por timidez, esquecido na força de seu grande país. Seu insensato desejo de iniciar uma guerra inútil, não combina com sua natureza. As pessoas devem usar seus talentos naturais, nas soluções dos problemas, não adotar decisões sugeridas por pessoas movidas por ambições pessoais.
Talvez agora seja tarde para reconhecer o que há de verdade e mentira na intenção de derrubar Assad. Após tanta desgraça, mortandade e êxodo, mesmo que os sírios estivessem, antes, razoavelmente felizes sob a presidência de Assad, preferirão agora sua saída, se isso trouxer a paz. Só que, derrubado Assad, o caos será ampliado na luta entre as facções da coligação. O lobby da indústria armamentista americana tudo fará para “esquentar os ânimos”, e os negócios.
O fato da Síria não ser uma democracia, insisto, não autoriza sua invasão. Israel gaba-se de ser a única democracia, no Oriente Médio. Ele é, de fato uma democracia, mas “seletiva”, porque os árabes, mesmo dentro de Israel, não gozam das mesmas vantagens dos judeus. E os palestinos, expulsos pelo governo israelense, são considerados cidadãos de terceira classe.
A democracia interna israelense explica-se pelo fato do povo judeu ter zelado pelas suas tradições culturais e religiosas, mesmo na diáspora. Quando foram para a Palestina, formavam uma mesma comunidade de língua, religião, filosofia e cultura. E a diáspora, o contato com outros povos, o instruiu bastante, abriu seus horizontes. Isso facilitou a criação de um estado democrático, pelo menos para os judeus de sangue e de religião.
Por que as treze colônias americanas conseguiram se unir para formas os Estados Unidos da América do Norte? Porque essas treze colônias eram, todas elas cristãs, sem grandes problemas de língua e sentiam anseio de uma liberdade que não desfrutavam nos países de origem de seus habitantes. Havia uma certa homogeneidade entre essas colônias.
Se, porém, essas treze colônias tivessem habitantes bem diferenciados a União Americana não teria se formado. Se uma colônia fosse composta de xiitas; outra de sunitas; outra de católicos; outra de protestantes; outra de judeus; outra de alauítas; outra de budista; outra de xintoístas; outra de ateus intolerantes; outra só de alemães; outra só de espanhóis; outra só de franceses, etc., acredite, leitor, não teríamos conhecido a poderosa nação americana. Teríamos hoje um cacho de pequenos países sempre em guerra ou mutuamente desconfiados. E foi isso que aconteceu no Oriente Médio, o que explica a grande dificuldade de se instalar ali democracias com formato ocidental.
Não esquecer que o Ocidente sempre dividiu, à vontade, as populações locais, alterando as fronteiras consoante as sucessivas partilhas da África e do Oriente Médio após a vitória ou derrota das grandes potências nas guerras mundiais.
A solução para o problema da Síria estaria, primeiro, em saber a verdade de quem utilizou os gases tóxicos, que podem ter sido levados para os arredores de Damasco até mesmo por um cidadão saudita. Em seguida a ONU tem que proibir todos os combates. Um cessar fogo total, proibindo, a ferro e fogo — à Stálin —, qualquer disparo, seja de que lado for. Terceiro, tentar apurar — entre os sírios unicamente, mesmo exilados —, quem eles preferem que seja o governante máximo do país.
Simples? Não. Mas o oposto, isto é, bombardear o país será ampliar o conflito a todo o Oriente Médio, ou até mesmo incentivar o terrorismo em solo americano. E deixar como está — “eles que se entendam” — será prolongar ainda mais o combate sangrento.
Que o mundo aprenda, vendo o que ocorre na Síria, que já passou da hora do planeta dispor de um mecanismo jurídico preventivo que possa abortar, mal se inicie, conflitos semelhantes. Para isso é preciso que os estados abdiquem de uma fração da própria soberania. Se Obama quiser se lembrado, no futuro, com admiração por ter feito algo inédito, precisa pensar a respeito.

(04-09-2013)