sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Terra, Marte e conjeturas.

Foto divulgação 

Alienígenas pensam, talvez, em nos colonizar com vírus? 

Seria isso possível? Apenas em teoria, sim, por mais indesejável e “paranoico”, que isto possa parecer, neste triste momento de recrudescimento de uma epidemia diferenciada, teimosa e seletiva, eliminando os “fracos” — velhos e doentes — mas poupando os jovens e fortes que possam manter “a máquina planetária” em funcionamento.   Leiam os argumentos, as deduções lógicas e pensem, mas com a própria cabeça. Friso que desejo estar completamente errado na minha dúvida teórica, inclusive porque estou entre suas vítimas preferidas, os idosos.

Como no mal pode haver alguma semente do bem, o imaginário “perigo marciano” teria um lado bom: a união política da humanidade, coisa que nunca ocorreu antes. 

Consciente do risco do ridículo, advirto que não se trata, aqui, de ficção-científica — fantasia, literatura —, porque ela não faz meu gênero. Apenas alerto para uma remota e indesejada possibilidade, baseado em leituras, raciocínios, e conclusões — que me parecem logicamente aceitáveis — se pelo menos alguns dos milhares de depoimentos, fotos e filmagens de “objetos voadores não identificados” forem verdadeiros, como me parecem. Digo assim, aos poucos, cauteloso, porque a expressão “discos voadores” já afasta, de cara, metade dos leitores.

Se não sou totalmente assertivo quanto a realidade do perigo mencionado no título, por que perco tempo — meu e do leitor—, abordando apenas possibilidades, ainda mais sendo elas desanimadoras? Justifico-me logo abaixo.

Os campos da cosmogonia, astronomia e astrobiologia estão recheados de conclusões sensatas mescladas com tremendos “chutes” científicos que — para nós, leigos — são mil vezes mais inacreditáveis que minha modesta suspeita mencionada no título. Vejamos. 

Big Bang (o universo brotando de uma “bolinha mágica”); Idade do Universo (tolice, ele não “nasceu”, como um bebê, vindo do nada, sempre existiu, como poeira cósmica e corpos celestes); Buracos de Minhoca; Universos Paralelos (vários, como fantasmas); novas Dimensões (além das 3, ou 4? tradicionais); Viagens no Tempo; Buracos Negros (com saída dos fundos para “outra dimensão”, impossível se o Buraco for apenas uma estrela que se apagou); Teoria das Cordas, etc., são discutidos sem rir. Isso porque, afirmam os cientistas, estão baseados em “cálculos matemáticos”, inacessíveis à verificação de 99,9 %, dos seres humanos. Quanto aos 0,1% que “verificaram”, não são raras as discordâncias entre eles. 

Cabe aqui um imediato reparo — apenas na grosseria, não na opinião — ao que acabei de escrever num impulso —, usando a palavra “chute”, referindo-me àqueles astrônomos que acreditam no Big Bang — só porque as galáxias estão, no largo “momento cósmico”, se afastando umas das outras e eles não sabem como explicar. Bastaria dizerem não sabem, por enquanto.  Afirmar, porém, que toda a matéria cósmica, com bilhões de galáxias brotaram do nada, em um segundo, sugere que a abstração excessiva da Astronomia cansa demais o cérebro, recomendando duas férias anuais para descanso dos neurônios. 

Segundo essa teoria, antes do Big Bang havia um “nada” absoluto. Um “vazio” não só de “coisas” como da própria “ideia” de vazio. Sem matéria, sem energia e sem o já imaterial “tempo”. Se essa teoria foi apenas um pedido dos líderes religiosos aos cientistas, para reforçar a ideia de Deus —um milagre unindo ciência e religião visando diminuir a descrença, maldade e materialismo animal — é preciso lembrar que qualquer teoria explicativa ridícula ajuda a opinião pública mais esclarecida a não confiar nos cientistas, considerando-os “um bando de malucos”. Inclusive quando eles acertam em questões importantes, como a preservação do meio-ambiente.

A bondade, no lugar errado, torna-se maldade involuntária.   

Quando um astrônomo, em cruzeiro marítimo, contempla o céu noturno e está, casualmente, rodeado de leigos que o olham com respeito, fazendo perguntas, o indagado sente-se meio que obrigado a dizer alguma coisa. Afinal, é um astrônomo, interessado em diminuir a ignorância geral, pelo menos na sua área.

Percebendo que a curiosidade do grupo é sincera, não mera gozação, o estudioso dos astros provavelmente tentará ser gentil com os circunstantes que, sobre as estrelas, sabem apenas o que leram em livros de poesia. No máximo lembram-se dos versos de grandes poetas sentimentais, associando luas, estrelas e amores imortais, como Olavo Bilac e outros inspirados. Esquecem, ou desconhecem, que aquelas luzinhas, piscando, são gigantescas fornalhas, impiedosas e indiferentes, que impedem, “torrando”, ou estimulam, “aquecendo adequadamente”, o surgimento e crescimento da vida em milhares de planetas cujos habitantes talvez, nesse mesmo momento, estejam também nos espiando através de seus binóculos ou telescópios, conjeturando se há ou não vida inteligente no nosso sistema solar. 

É natural, humano, profissional — e até caridoso —, que os astrônomos mais imaginativos — a imaginação era muito valorizada por Einstein — expliquem o que sabem, ou presumem, porque tudo é muito distante e complexo. Quanto ao que não sabem — porque é impossível saber, por enquanto... —, e apenas pensando em não decepcionar os leigos com o silêncio, o astrônomo aqui imaginado prefere dar uma explicação breve, que pareça razoável. Melhor assim do que o mutismo, que pode ser interpretado como arrogância ou incapacidade de comunicação. 

Essa atitude é semelhante à adotada por delegados de polícia quando, chamados para atender uma ocorrência policial de grande repercussão — por exemplo, uma famosa “estrela”, sem alusão, de cinema é encontrada morta depois de vários dias desaparecida. Indagado por insistentes repórteres, filmando o local, o delegado dá sua provisória explicação do que pode ter acontecido. Esse mero “palpite” profissional é natural e útil, porque demonstra interesse e inteligência do poder público em combater o crime com racionalidade e planejamento. A mesma coisa acontece com o uso da intuição na Astronomia, mostrando a intenção, não de combater o crime, mas a ignorância. Melhor isso do que o astrônomo ficar mudo, como que aturdido, desprovido de ideias.    

Não podemos esquecer que o universo, como objeto de estudo, é mais ingrato que qualquer outra ciência porque o astrônomo não pode ver, de perto, o que lhe compete investigar, para depois explicar. Tudo está envolto em mistério, distantes anos-luz, ou Parsecs, ou outras unidades de medições de gigantescas distâncias interestrelares, por melhores que sejam os telescópios. Sem estes aparelhos, o que saberíamos dos astros? Praticamente nada. Galileu Galilei descobriu mais que astrônomos anteriores, Kepler, por exemplo, porque usou telescópios inventados, pouco antes, por um fabricante holandês. Enxergando mais, pôde explicar melhor a realidade do heliocentrismo. 

Imagino a constante frustração de todo astrônomo profissional: — “Como é possível trabalhar assim, quase no “escuro”, propriamente dito? E no claro, de dia, não dá pra ver nada porque não enxergamos as estrelas. Um biólogo pelo menos vê o que pretende conhecer. Nós não, temos que adivinhar, até “chutar”, inicialmente, porque com o “chute”, o próprio “chute” pode ser investigado e dele surgir um “gol”, uma importante descoberta científica”. Acho até que a intuição dos cientistas mais imaginativos foi mais profícua, em descobertas, que o severo e cauteloso ceticismo daqueles colegas que esperam que a verdade surja já inteirinha, perfeita, certinha nos cálculos e na forma observável. 

 Albert Einstein — que respeito profundamente, por seu caráter e ideias em seus livros, quando escritos com palavras, não com fórmulas — afirmou, em 1915, quando publicou sua Teoria da Relatividade, que um corpo de enorme massa poderia desviar um feixe de luz que passasse perto dele. 

Até então, pensava-se que a luz só poderia viajar em linha reta. Quando, porém, ocorreu um eclipse total do Sol, pela Lua, cinco anos depois, em 1919, a luz solar realmente “entortou”, atraída pela gravidade do nosso satélite, como foi constatado com telescópios. Foi a confirmação visual do que afirmava Einstein, usando apenas cálculos, de que muitos físicos não tinham condições de entender, apenas matematicamente, a Teoria da Relatividade.

Com perdão pelo atrevimento — próprio dos ignorantes —, não acho que esse desvio no raio de luz seja tão surpreendente assim, porque a luz, afinal, é também “matéria”. Não é uma “coisa” espiritual, imaterial, como um pensamento. Uma ideia, imaterial, pode ser o produto de algo material, químico — sinapses entre neurônios —, mas uma coisa é a sinapse, a “causa”, e outra, o “efeito”, a ideia em si. Em um feixe de luz há fótons, ou elétrons, e outras partículas subatômicas em movimento. “Coisas”, enfim, ligadas ao mundo da matéria, sujeitas à atração da gravidade. 

Há algo de “material” na eletricidade que chega a nossa casa, tanto assim que é medida mensalmente e temos que pagar a conta de luz. Se é mensurável, palpável — um choque dói... —, nela há algo de “massa” sujeita a ser atraída pela gravidade da Lua, no caso da mencionada eclipse.

 Segundo li em livro sobre Einstein, ele também considerou um exagero esse “oba, oba”, a repercussão científica do eclipse, com pessoas viajando para outros países só para observar o fenômeno. Desnecessário, porque o desvio já fora previsto por ele, com sua matemática que provavelmente continha algum componente intuitivo ou imaginativo. Se os fatos contrariam a matemática, azar dos fatos. 

Voltando ao título, se minha suspeita sobre marcianos, discos voadores e vacinas — eventualmente decepcionantes —, for apenas uma especulação fantasiosa, autorizo qualquer escritor ou roteirista de science fiction a utilizar as considerações, aqui presentes, para a redação de um livro ou filme desse gênero, que — salvo brilhantes exceções — pouco me agrada por causa dos exageros e ilogicidade. 

Se um escritor de invulgar imaginação quiser que respeitem suas fantasias, que se esmere na argumentação, mostrando, por a + b, que o que ele diz, apesar de inusitado, é logicamente possível, mesmo que seja pouco provável. Não ofendendo a inteligência, O.K., porque até o simpático bom senso pode estar, e já esteve, durante milênios, totalmente errado. 

Sintetizando o conteúdo da minha suspeita, referida no título, acho logicamente possível, embora indesejável — só faltava mais essa em plena pandemia! — que seres extraterrestres, extremamente inteligentes, portadores de uma tecnologia muito mais avançada que a nossa, habitando nosso sistema solar — as estrelas e seus planetas estão distantes demais — talvez estejam ambicionando, ou realmente necessitando de um novo “lar”, no caso, a Terra. 

 Para isso, ficam nos “espionando” furtivamente, usando objetos voadores não identificados, os genéricos “discos voadores”, nem sempre no formato de pratos ou discos. Eles não só nos observam do alto como também — muitos juram —, nos sequestram, abduzem, para estudar nossos organismos e depois nos devolvem ao solo com a memória recente afetada ou bloqueada. Uma forma de camuflagem psicológica, estimulando a ideia de que tudo isso, “discos voadores”, é mentira. 

Não penso que todos os casos relatados de abdução — são dezenas ou centenas —, seguidos de esquecimento parcial, sejam mentirosos. Com o progresso das nossas pesquisas sobre substâncias que afetam os neurônios talvez esse bloqueio temporário da memória esteja ao nosso alcance rotineiro daqui a pouco tempo. A “ignorante” doença do Alzheimer já faz isso “de graça”, sem alarde científico, prejudicando seletivamente a lembrança de fatos recentes. 

O leitor pode garantir com exatidão como estará nosso conhecimento do cérebro daqui a quinhentos ou mil anos? Mil anos é uma gotinha de tempo na Cosmologia, Astronomia, Biologia, Física, Evolução, etc. Um prodigioso volume de descobertas nos aguardam. 

Em assuntos planetários, não podemos nos basear apenas no que hoje conhecemos. Nosso “hoje” poderá se tornar um envergonhado “antigamente pensávamos que...”. Quando cientistas garantem, por exemplo, que o coronavírus é de origem natural — não inventado em laboratório —, eles fazem essa afirmação com base nos atuais conhecimentos deles, cientistas. Não estão mentindo, apenas não sabem, hoje, o que saberão amanhã. Talvez desconheçam que laboratórios secretos de governos do primeiro mundo — ou de grupos privados, bilionários, com projetos de domínio planetário, megalomaníaco, tipo Illuminati — talvez consigam, em total segredo, fabricar vírus que apenas “pareçam” naturais.

 Países politicamente inimigos, com alta tecnologia, temendo que o inimigo fabrique ataques virais, pesquisam também armas biológicas, para defesa e/ou ataque. Tais “armas” são segredos de estado. Isso todo mundo sabe. Se já competem, em segredo, sobre armas atômicas e foguetes, por que — pergunto —, não fariam o mesmo com “armas” biológicas que permitiriam controlar a mente dos inimigos sem precisar matá-los nem destruir seus bens que intactos, passariam ao poder dos invasores? 

O que se pode dizer sobre conflitos entre países seria aplicável, com mais razão, em eventuais conflitos interplanetários que venham a ocorrer. Conflitos esses que nunca chegaram ao nosso conhecimento por impossibilidade física, ou visual, porque a distância entre as estrelas, com seus planetas, é tão imensa que não estariam ao alcance de nossos telescópios. 

Calma, leitor... Sei que a mera ideia de “conflito interplanetário” já provoca risada. Com razão, porque lembra “Guerra nas Estrelas” e todo o besteirol que aparece em filmes para adolescentes. Como o leitor nunca ouviu falar em guerra de verdade entre planetas parece-lhe “impensável” imaginar que a Terra possa estar sendo objeto de desejo, de conquista, de habitantes de outro planeta, pretendendo aqui morar, movidos ou por ambição, ou conveniência ou necessidade. Não obstante, incoerentemente, aos terráqueos parece “normal”, até desejável, “científico”, que enviemos naves espaciais, tripuladas, ao planeta Marte para lá permanecerem em definitivo, iniciando uma colonização. A Terra colonizando Marte não é absurdo, mas o contrário, Marte nos colonizando, é “aberrante”.

Esta ideia de ocuparmos o Planeta Vermelho não nos choca, talvez porque presumimos que nele não há vida. Ou, se houver, será ela muito rudimentar. Bactérias, ou coisas assim. Atrevo-me a dizer, porém, que se soubéssemos que em Marte vivem animais semelhantes aos nossos chimpanzés — ponto máximo da evolução marciana —, isso não nos impediria, moralmente, de conquistar aquele planeta — porque pensaríamos estar até “lhes fazendo um favor”, levando nosso progresso, nossa civilização, aos primitivos “ marcianos”, como aconteceu quando Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral desembarcaram nas duas Américas, tomaram suas terras e riquezas e escravizaram os nativos. 

 Tenho total convicção de que surge vida microscópica, rudimentar — mas evoluindo constantemente — em todo planeta que, por mero acaso, reúna condições propícias à vida: pelo tamanho, temperatura — distância média “razoável” de sua estrela —, água em estado líquido e até mesmo beneficiado pela sorte de não sofrerem alguns impacto catastrófico como aquele que matou nossos dinossauros, milhões de anos atrás. 

Todo ser vivo, de qualquer tamanho, nasce, em todos os planetas, com instintos iguais: perpetuação da própria vida e da sua prole. Para isso precisa de alimento, abrigo, sexo, total liberdade —, mas vigilância severa contra a liberdade alheia que possa nos afetar. Nenhum ser vivo nasce odiando ele mesmo, a menos que isso seja causado por alguma doença, ou total desespero, em que a morte significará alívio. Precisando conquistar um outro país, ou planeta — para não se extinguir —, fará isso, mas na forma compatível com seu grau de cultura científica, técnica e moral. 

Daí minha convicção de que se Marte, ou outro corpo celeste, se habitado por seres inteligentes, considerar a Terra como sua única salvação, esse corpo celeste resolverá “seu problema”, por bem ou por mal. Como nós faríamos, em igual situação. Se imensamente civilizado, o planeta invasor procurará fazer isso com o mínimo possível de dor e destruição, própria e alheia. Daí que, pelo menos em teoria, o planeta invadido, tendo espaço disponível, constatando que não dispõe de tecnologia capaz de enfrentar os invasores, deve pensar bem antes sobre como reagir. Agora fantasiando, tenho curiosidade de imaginar qual seria a aparência de uma mestiçagem de humanos com extraterrestres. 

Paro aqui a digitação porque o artigo já está com 16.331 caracteres, incluindo os espaços. E ainda há muito o que dizer. O presente texto não é um livro. É um exagero desaconselhável na internet. Nem sei como o leitor, ou leitora, teve tanta paciência para me aguentar. Agradeço a gentileza de vocês dois, ou três. Deixarei o resto que digitei para outro eventual artigo, conforme a reação ao que foi aqui escrito e publicarei em inglês para ver a reação no hemisfério norte. 

Repito que desejo que todas as vacinas contra a codiv-19 sejam eficazes no prazo usual das vacinas. Se não for, é o caso de se pensar: aí tem coisa! E é melhor que essa “coisa” tenha origem terráquea, mais fácil de lidar porque conhecemos a natureza do inimigo.

 (18/12/2020) - 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Leis “anti-preconceitos” precisam ser repensadas

 


(Este artigo foi escrito em abril de 2013. Republico-o porque de lá para cá a situação é a mesma: a tendência de usar a legislação penal para intimidar quem se atreve a discordar, mesmo em termos respeitosos, de certas “verdades” que não são verdades e sim óbvias estratégias de propaganda de grupos ou países. São leis que pretendem criminalizar o próprio ato de pensar).


Pelo andar da carruagem, precisamos de um novo “Iluminismo”. As trevas intelectuais se adensam, em toda parte, usando tanto a intimidação quanto a informação deformada pela parcialidade, vulgo mentira. As minorias sofrem abusos, mas quando fortemente organizadas, tendem a intimidar maiorias desorganizadas.
O assunto é sério. Não se trata de título para chamar atenção. Vamos ver se consigo convencer.
Concordo plenamente com as leis “anti-bullying”, coibindo o tormento de indivíduos — pessoas físicas —, mas não com a progressiva tendência, “democraticamente” obscurantista, de criminalizar opiniões politicamente incorretas sobre fatos históricos, científicos e comportamentos sociais.
Um humorista já afirmou que existem dois tipos de mentira: a tradicional, mais simplória — aperfeiçoada desde que o homem aprendeu a se comunicar —, e a estatística. Manipulando-se os dados e a rotulação dos informes, chega-se a qualquer resultado. Milagres não existem apenas na religião. Por sinal, alguém já disse que o poder de Deus foi suplantado pelo poder dos historiadores: — “Deus não pode alterar o passado, mas os historiadores podem”. A mentira histórica seria a terceira variante.
 Após a invenção da fotografia surgiu um curioso modo de mentir: alterando fotografias. Quando Stalin fazia suas “limpezas” de adversários políticos — utilizando tribunais sujeitos à sua vontade — ele não dispensava a ajuda de hábeis fotógrafos que sabiam como “desfotografar” políticos caídos em desgraça.
Talvez o leitor já tenha visto, na mídia, duas fotos: na verdade uma só. A mais antiga, em que aparece o “pai dos povos” ao lado de determinado político, então amigo, e a foto posterior, em que Stálin está sozinho, quando o ex-amigo — à maneira do iodo —, “sublimou”, mudando do estado sólido para o gasoso, sem passar pelo líquido. Ou, quando ainda sólido, batendo os dentes solidamente na Sibéria. É preciso certa habilidade para esse truque porque o espaço anteriormente ocupado pelo “desfotografado” — ou “fotoferrado” — precisava ser preenchido de maneira que não causasse estranheza.
Cresce, paradoxalmente — ainda há muita liberdade na internet —, um novo ovo de serpente contra o livre pensamento: a intimidação via lei penal. Como se o simples fato de alguém, ligando os fenômenos e concluindo alguma coisa, praticasse um crime — caso essa conclusão difira da “onda” dominante. É preciso lembrar que a maioria, mesmo acadêmica, nem sempre está certa. Muita tolice já foi ensinada nas mais antigas e respeitáveis universidades europeias. Francis Bacon já observava que “A verdade é filha do tempo, não da autoridade”.
Um reputado professor francês, amigo de Louis Pasteur, aconselhou-o, em carta, a zelar pela própria reputação de cientista, abandonando a “loucura” de insistir na tese de que não havia “geração espontânea”. Com outras palavras, o amigo culto dizia que “todo mundo sabe que ratos brotam espontaneamente no lixo, sem precisar de pai e mãe”. Como o grande Pasteur, inventor da vacina contra a raiva, não estava sujeito à cadeia — mas apenas ao ridículo —, ele teve condições de segurança para insistir na sua ideia e acabou provando que ele estava certo e o resto do mundo, errado. Conseguiu isso porque, insista-se, não havia uma lei penal pondo em risco sua liberdade.
Grupos particulares, ou pessoas, não sentem a menor hesitação em moldar a realidade segundo seus interesses, mas isso é esperável. Toda profissão, ou ideologia, possui seu lobby, mas os prejudicados por ele podem reagir, fazendo proselitismo contrário. Sem medo de serem processados criminalmente. Quando, porém, o ditatorial “selo da verdade” torna-se lei, instaura-se o abuso, precursor das trevas, porque ninguém gosta de ser processado criminalmente. Mesmo os mais corajosos pensam: —“Dá muito trabalho...”. Os legisladores, ansiosos em agradar eleitores, no geral sem tempo para longos estudos, deveriam evitar essa propensão para proibir isso e aquilo. Bastaria aos congressistas proibir o insulto, o assédio, e a agressão contra minorias, nunca a mera emissão de opinião, mesmo forte, contrária à dominante.
A humanidade só se prejudicou — ou mais se prejudicou do que se beneficiou — com a velha “mania” — o termo não é injusto — de se livrar de opiniões incômodas promulgando uma “lei” considerando crime expressar convicções diferentes. O medo da represália física, moral, penal ou econômica, trava o próprio ato de raciocinar, mesmo de boa-fé.  Em países ditatoriais — mais claramente — e nas democracias — mais disfarçadamente — isso ocorre cada vez com maior naturalidade, na pressuposição de que a lei, ou a “onda”, sempre está certa.
Na Idade Média era vasto o rol dos assuntos “tabus”, tanto em assuntos religiosos quanto políticos e científicos. Pensadores e cientistas assaram nas fogueiras da Inquisição só por afirmarem, por exemplo, que a Terra girava em torno do sol, e não o contrário. Até hoje, em países islâmicos, assume risco de chibata, ou morte, quem diz ou escreve qualquer coisa contrária ao Alcorão ou seu intérprete-mor oficial, mesmo usando apenas a ironia. Criticar a política de Israel, só com vários panos quentes, porque existe o risco do “preconceito racial”. Risco que pode estimular o abuso por parte do governo israelense, interessado em identificar qualquer crítica, mesmo justa, como antissemitismo.
Pode-se contar muita anedota sobre “loira burra”, mas se alguém fizer alguma piada sobre “negra burra” é melhor contratar, de antemão, um advogado criminalista para “aguentar a barra” do “preconceito racial”. O mesmo se diga sobre qualquer opinião desfavorável à expansão do homossexualismo. Uma psicóloga carioca que anunciou seus conhecimentos profissionais para ajudar o retorno ao heterossexualismo — daqueles que, sendo antes “heteros” havia optado pelo homossexualismo mas se sentiam infelizes nessa última experiência — foi punida por sua entidade de classe.  Algo espantoso numa entidade profissional, ligada à Ciência, que teria a obrigação de estimular a livre opinião. Conclusão, nesse caso: a pessoa pode receber orientação — inclusive na prática corporal — para se tornar um homossexual plenamente realizado, mas nunca o contrário. “Entrou no grupo? Não pode mais sair!”. É uma liberdade de mão-única.
Quando a punição pela liberdade de pensar e comunicar não se concretiza em processos judiciais, ela aparecerá na forma de linchamento moral. Isso por enquanto, porque não está afastada a hipótese do linchamento físico, pois é usual, como já disse, que minorias perseguidas se tornem depois perseguidoras, quando a maré e a tolerância estatal assim facilitar.
Hitler, um orador que impressionava mais pelo grito e pelo aproveitamento das frustações alemãs — após a 1ª. Grande Guerra — “decretou” a falsa “verdade’ de que os judeus só tinham defeitos morais — e até mesmo físicos — e por isso deveriam emigrar, em massa da Alemanha, deixando suas riquezas para os nazistas. Quem tivesse a coragem de dizer, ou escrever, o contrário tinha seus dias contados. Por isso, não pode ser julgado com qualquer severidade quem, menino ou adolescente — como foi o caso do escritor Günter Grass — prestou qualquer tipo de serviço militar no tempo do nazismo. Não havia alternativas. Algum rapaz alemão, de inteligência normal, teria a coragem de dizer ao exército que não concordava com Hitler e por isso recusava-se a lutar?
Na Turquia, quem escreve, hoje — se isso não foi alterado muito recentemente — afirmando que houve um genocídio armênio — ocorrido entre 1915 e 1917, causado pelos turcos —, está sujeito a processo criminal. Pouco importam as provas apresentadas por historiadores e depoimentos de pessoas que presenciaram o ocorrido. — “Não ocorreu e pronto! Se disser o contrário, “teje preso!”
Como na França existem muitos descendentes de armênios, estes pressionaram e conseguiram do governo local uma lei dizendo justamente o contrário: quem negasse a existência do referido genocídio é que estaria cometendo um ilícito.
Quanto ao holocausto judeu, em muitos países negá-lo também é crime. E negá-lo parcialmente, dizendo que o número de mortos foi inferior a seis milhões pode, talvez, ser considerado uma forma “indireta”, disfarçada, de antissemitismo, com consequências penais. Evidentemente, o atual governo israelense tira largo proveito disso, porque dezenas ou centenas de pessoas que, revoltadas com o sofrimento palestino, pensam em escrever sobre o “eterno conflito” veem-se obrigadas a pesar cada palavra.
Pode-se falar mal — sem receio de processo criminal —, de alemão, russo, italiano, árabe, chinês, coreano, argentino, brasileiro, americano e tudo o mais — até mesmo injustamente —, mas nunca  contra um determinado povo, o hebreu, que teve seu inegável valor reconhecido por pessoas cultas e comovidas com seu longo sofrimento.
Quando os judeus eram perseguidos e até mesmo massacrados, na Europa, não havia leis punindo o antissemitismo. Agora que Israel se tornou uma nação poderosa, influente, organizada — até temida —, armada com o que há de melhor em armas tradicionais — e até atômicas, fato único no Oriente Médio — viu-se protegido por uma redoma legal privilegiada. Redoma hoje sem sentido porque Israel tem poderosa presença em todos os organismos internacionais, na mídia, no mundo das finanças. E existe arma mais poderosa que o dinheiro? Não é mais um povo de “coitadinhos”, necessitando de uma proteção legal, especial, contra críticas, proteção essa que nenhuma outra nação possui.
Hoje, alguém chamar uma pessoa de “judeu’ é o mesmo que “xingar” um ser humano de “suíço”, “belga”, “canadense” ou “americano”. O rico e elegante “xingado”, abaixando o vidro, à prova de bala, de seu Mercedes, apenas perguntará: — “Desculpe: o senhor está me ofendendo ou elogiando?”
O tema “homossexualismo” também se tornou uma variante do dogma religioso. Não deve, legalmente, ser considerado, “sob pena de prisão”, um “desvio”. Mas, se um cientista, ou pensador, achar, sinceramente, que é de fato um “desvio” da rotina biológica, mesmo sem qualquer “culpa” pessoal? Por que não pode externar livremente sua opinião — sem processo e sem linchamento —, ressaltando que sua conclusão tem pelo menos o apoio da anatomia? Ele dirá: se as mulheres, por exemplo, nascem com útero, glândulas mamárias e outras características de seu gênero, isso não seria pelo menos uma “pista” de que está nos “planos’ da natureza que as mulheres tenham relações íntimas com o sexo oposto?
O mesmo ocorre com o homossexualismo masculino, cuja realização física implica em utilização de parte do aparelho digestivo  para uma atividade bem diversa da planejada, anatomicamente, pela natureza. Pelo menos os livros de anatomia parecem sugerir que, na “opinião” da “mãe natureza” a atividade reprodutora (de filhos) seria separada da atividade excretora. Daí a sem-razão, repita-se, de se proibir que uma psicóloga possa anunciar seu trabalho profissional para aqueles que querem — eles mesmos, não a psicóloga! — voltar ao estado anterior de orientação sexual. Não é isso um indício das “trevas” que se adensam?
Francis Wheen, escritor que deve ser inglês, escreveu um livro muito interessante, “Como a picaretagem conquistou o mundo”. Nele, menciona que em 1784 uma revista berlinense convidou intelectuais alemães a responderem à pergunta: “O que é o Iluminismo?” Eis a resposta de Immanuel Kant: “O Iluminismo é a emergência do homem da imaturidade a que ele mesmo se submete. Imaturidade é a incapacidade de usar a própria compreensão sem a orientação de terceiros. Essa imaturidade é algo que o próprio indivíduo se impõe, quando sua causa não é a falta de entendimento, mas a falta de determinação e coragem para usá-lo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Atreve-te a saber! É este o lema do Iluminismo”.
Evidentemente, todo ser humano tem o direito de ser feliz, inclusive — e principalmente — na área afetiva. Era absurda a legislação antiga que considerava crime o homossexualismo. Essa legislação, pelo menos do mundo ocidental, felizmente, foi abolida, porque a atração pelo mesmo sexo é, presumo, natural, espontânea em algumas pessoas. Estas têm o direito de serem felizes, seja qual for a explicação do porquê, na área sexual, eles sejam diferentes da maioria. O que não podem é, agressivamente, atacar todos os que pensam que há algo “investigável” nesse fenômeno biológico, psicológico, ou mistura das duas coisas. A heterossexualidade nem precisa ser investigada porque sem ela o planeta Terra não teria um único ser humano.
É retrógrado ameaçar pessoas que formulem e investiguem hipóteses explicativas para o aparente crescimento do homossexualismo. Um exemplo: a injeção de hormônio feminino em aves e gado consumidos por mulheres grávidas não poderia ter algum papel na ampliação da homossexualidade entre os homens? Embora seja difícil garantir que a homossexualidade vem se ampliando — porque havia os “enrustidos” —, espera-se que se algum cientista pesquisar o assunto não seja ele processado por homofobia. Se o próprio “Deus” pode ser estudado, dissecado e discutido na Filosofia e na Teologia, por que o homossexualismo não poderia ser examinado — desde que com respeito — sem o risco de cadeia?
Outra pesquisa: uma senhora peruana, minha conhecida, muito observadora, morou por cerca de um ano, quando bem jovem, entre tribos indígenas de seu país. Estava lá em missão de estudo. Estranhou que nunca vira, entre centenas de indígenas, um só caso de conduta homossexual.  Seria isso, pergunta-se, uma evidência de que o homossexualismo seria provocado, em parte, pela conglomeração, pelo excesso de pessoas ocupando pequenos espaços? Haveria, talvez, uma espécie de mecanismo de defesa natural, inconsciente, da raça humana contra as consequências da superpopulação que já nos ameaça com um desemprego quase universal? O homossexual puro — isto é, não bissexual —, é estéril. Portanto útil em termos de alívio do excesso de pessoas consumindo algo que é finito: os alimentos.
Tudo se investiga atualmente, sem medo. Freud disse coisas espantosas, em seu tempo. Os complexos de Édipo e de Electra são explicações ou hipóteses bem desrespeitosas, mas nem por isso Freud e seus colegas de psicanálise foram processados nem linchados. Espero que essa tradição de tolerância permaneça, o que não parece ser o caso do Brasil de agora.
Encerrando, deixo claro que não endosso as teorias e explicações “teológicas” do pastor Marco Feliciano, atacando homossexuais e negros. Teologia e Ciência são como azeite e água. Prefiro a Ciência. Embora não seja um cientista, respeito, socialmente, os adeptos de estudos bíblicos
                                  
                                                                            Francisco Pinheiro Rodrigues (11-04-2013)