“Profetizo” que essa novidade trará, a médio ou longo prazo, imensas e
traumáticas alterações no relacionamento humano. Principalmente no Hemisfério
Ocidental, considerando a sisudez do Cristianismo, que provavelmente não verá
essa “doentia criatividade” com bons olhos.
Prefiro estar enganado, mas considerando a relevância do sexo no
comportamento dos seres humanos, Freud provavelmente concordaria comigo na
previsão do “terremoto” comportamental que nos aguarda quando esse novo
“produto” — libidinoso e estético — chegar amplamente ao conhecimento e fácil
aquisição. Primeiro, pelos homens e depois pelas mulheres. Muitas delas
pensarão: — “Por que nós também não podemos dispor de um “gato” com a aparência
e a garantida firmeza de que necessitamos”?
Há um vasto mercado potencial de seres humanos, descontentes com o
desempenho de seus parceiros, ou deles mesmos. Por acanhamento no
relacionamento com o sexo oposto ou temor dos riscos sanitários — e outros —
resultantes da afronta ao comportamento exigido no meio social a que pertencem.
“Amantes” e “garotas de programa” envolvem perigos diversos, até mesmo
chantagens. Por vezes chantagem até do cônjuge traído, que procura tirar, nos
acordos judiciais, o maior lucro possível da traição sofrida.
Mesmo que alguns legisladores — mal impressionados ou “pressionados”
pelos eleitores —, enojados com o realismo da reprodução, em silicone sólido
(porém macio), da anatomia das “garotas plásticas” decidam intervir com proibições
ou pesadas tributações sobre esse tipo de comércio, a novidade “quase carnal”
passará a ser vendida no mercado ilegal.
O crime organizado não perderá essa nova fonte de lucro — ao lado dos
tóxicos — só por causa da proibição. O proibido é sempre mais caro. E a
novidade certamente terá defensores teóricos, alegando que ela diminuirá a
propagação da Aids, das moléstias venéreas, das hepatites, da gravidez
indesejada, das ações de reconhecimento de paternidade — cumuladas com pedidos
de alimento — e dos crimes passionais,
motivados pelo ciúme.
Além disso, cessado o interesse pelo “velho”
manequim, seu dono o trocará por outro, mais moderno nos acessórios, tal como
acontece com os automóveis. Sem o velho problema do pagamento de pensão
alimentícia. E, com o tempo surgirá, provavelmente, o mercado secundário do
“manequim usado”, mais barato, ao alcance dos que ganham muito pouco.
Se algum “Don Juan” seduzir a esposa ou a amante de carne e osso, o
abandonado preferirá, em vez de matar a traidora e/ou seu cúmplice, comprar uma
substituta de plástico, certamente bem mais bonita e “jovem” que a infiel de
carne e osso, que cedo ou tarde perderá seus atrativos. A substituta terá a
desvantagem de ser muda, claro, mas naquilo “que interessa” talvez a fala seja o
de menos. Certas conversas femininas mais deprimem que estimulam.
A mulher de plástico nada critica, exige ou sugere. E a internet já
alerta que alguns “últimos modelos” proferem frases de amor, com vozes meigas,
no idioma escolhido, bastando apertar os botões certos. É tudo uma questão de
tecnologia, o preço variando conforme o grau de aperfeiçoamento. Os automóveis
de hoje são infinitamente melhores que os primeiros carros fabricados por Henry
Ford. É só o começo da nova tecnologia do amor físico. Por isso falei em uma
quase revolução dos costumes.
Qual a explicação para o surgimento dessa estranha, ou doentia, ou
vergonhosa — o leitor escolherá o melhor adjetivo —“alienante” novidade?
Em parte a culpa é das próprias mulheres, cada vez mais artificiais, por
dentro e por fora. No corpo e na mente. Elas estão excessivamente preocupadas
em se tornarem fisicamente desejadas — decotes ousados, minissaias, calças
justíssimas —, visando os benefícios
amorosos, casamenteiros, financeiros ou
sociais, resultantes do desejo masculino estimulado pelo que entra pelos olhos.
Com a atual obsessão de modelar o corpo, visando atrair o sexo oposto — ou,
talvez, o mesmo sexo, considerando a difusão do homossexualismo — as mulheres
estão progressivamente se “siliconizando”.
Operações plásticas substituem narizes, esticam a pele, aspiram a gordura
localizada, aplicam botox nos lábios e na face, silicone enche seios, coxas e
nádegas. Cada vez elas tornam-se
fisicamente mais artificiais. Mesmo nas ideias, muitas mulheres apenas repetem
chavões e reações que veem nos filmes ou ouvem nas novelas. O cinema imita a
vida e vice-versa.
Duas horas na academia de “fitness” importam muito mais que
meia hora de leitura séria.
Quem teve a ideia de por em prática industrial essa progressiva
artificialização da mulher deve ter se perguntado: — “Já que a moda, agora, é
introduzir plásticos nas mulheres, por que os homens não poderiam descarregar
sua libido com uma ‘mulher artificial por inteiro’? Ela será muito mais bonita
que as de carne e osso, com prazo de validade estética relativamente curto.
Mulheres naturais jamais são isentas de imperfeições. Rugas e celulite não dão
trégua. Não existe mulher perfeita.
Com uma garota artificial ‘último modelo’, o
mais caro, posso ter uma linda mulher, de qualquer cor, altura e formato. Fria,
claro, mas não necessariamente, porque
um ‘aquecimento elétrico’ poderá ser instalado no manequim, regulando sua
temperatura a 37°C, bastando ligar um
fio da ‘beldade’ à tomada mais próxima.
Já existem, há muitos anos, cobertores elétricos. E pilhas ou baterias podem
dispensar os fios”.
Desnecessário lembrar o quanto o comportamento sexual, e real, tem
influído na vida das pessoas, sejam elas importantes, ou não. A infidelidade,
por alguns minutos, no casamento, ou união estável — ou mesmo instável — , pode
destruir um lar — ou dois —, com imensas consequências familiares, até
políticas e econômicas. Uma “fraqueza” de dez minutos — lembre-se o que
aconteceu com Strauss-Kahn , em Paris, atacando a arrumadora do quarto do hotel
—, impediu-o, de se tornar, provavelmente, presidente da França, além de
afastá-lo da chefia do FMI.
Políticos importantes tiveram que abandonar seus
cargos apenas por causa de um “escândalo” sexual, mesmo sabendo que muitos que
o acusam, incluindo jornalistas, cometem ou cometeram “fraqueza” igual ou pior.
Apenas tiveram a sorte de não serem importantes, ou não pegos em flagrante.
Admira-me que a mídia ainda não tenha explorado, em larga escala, os
futuros resultados dessa autêntica revolução sexual.
O casamento de homem com
homem e mulher com mulher — impensáveis vinte anos atrás —, já é uma realidade.
Pessoalmente, sou contra tal “legalização”, que me parece desnecessária, mas a maioria, parece, está a favor. Dentro de
cinco ou dez anos, veremos — provavelmente eu não, por questão de idade — os
efeitos dessa invenção cibernética que afetará a própria jurisprudência que
regula o comportamento sexual de pessoas casadas ou amigadas.
Se, futuramente, o marido se “apaixonar”, ou se “viciar” por uma dessas
bonecas, a esposa, enciumada, enraivecida,
certamente não poderá alegar ao juiz do processo que foi “traída” por
uma boneca. Se pedir o divórcio por injúria grave o marido dirá que a “boneca
plástica” é apenas uma variante da masturbação, ato nunca considerado, na
jurisprudência, como “injúria grave” se o marido continuou mantendo um
relacionamento normal com a esposa.
Há, entre os interessados nesse novo tipo de “artefato”, os exagerados, ou obsessivos, como
é o caso — citado pela agência Reuters —, de um japonês de 45 anos que tem mais
de cem bonecas. Ele usa o pseudônimo de Ta-Bo. Deu como explicação para a
manutenção de seu “harém” o fato de ser “muito difícil encontrar um amor
verdadeiro e por isso resolveu transferir o seu amor para dezenas de bonecas de
silicone”. Acrescentou que “As mulheres de verdade podem me enganar, me trair.
Essas são 100% minhas”.
Essa matéria está acessível na internet, no site
http://www.japaoemfoco.com/bonecas-do-amor-um-grande-mercado-em-expansão/#ixzz3LtmR356H
Aguardemos, por alguns
poucos anos, a verificação do acerto, ou erro, de minha “profecia”.
(Em razão da inconveniência
de publicar, na internet, artigos longos demais, cortei vários parágrafos a
seguir, explicando o que me inibiu de “profetizar, por escrito, cinco ou seis
anos atrás, aparecimento da estranha
novidade. Se o presente artigo for publicado em forma impressa, explicarei, no
papel, o motivo de meu silêncio).
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