É impressionante
a credulidade , talvez fingida, da mídia e da população — esta realmente
confiante — quando leem os últimos
resultados das pesquisas de intenção de votos no segundo turno da eleição
presidencial, marcada para o dia 26 deste mês.
Sinto-me até acanhado por dizer coisa tão elementar
— a possibilidade da fraude —, mas como os jornais e os eleitores parecem
acreditar plenamente no triunfo, ou derrota, de tal ou qual candidato, baseados
nas “pesquisas” — com isso viciando o resultado de um eleição importantíssima —,
sinto-me autorizado a dar um alerta, mesmo sobre algo óbvio.
De início deixo claro que se houve, eventualmente,
uma “fraude” para enganar os eleitores — sempre propensos a votar “no futuro
vencedor” — essa fraude dificilmente contaria com a aprovação da direção dos
institutos de pesquisas Ibope e Data Folha, órgãos sérios, de boa reputação.
Isso porque se o resultado das urnas mostrar que
tais prognósticos são inconfiáveis tais
institutos ficariam desmoralizados. Quem iria contratá-los, futuramente,
sabendo que estão quase sempre errados? Até mesmo por considerações
rasteiramente econômicas, tais pesquisas representariam a morte na
credibilidade dos institutos.
Se a direção do instituto de pesquisas não pode —
com um mínimo de racionalidade — deturpar uma pesquisa de grande repercussão,
como pode ocorrer a farsa?
Simplesmente havendo uma “escolha” do eleitor a
ser entrevistado pelo “pesquisador”, homem ou mulher contratado pelo instituto.
Desconheço como os institutos de pesquisas
escolhem as pessoas que entrevistarão o cidadão que, aleatoriamente, passa ao
lado. Não sei se há, ou não, um “fiscal” — do instituto — desses indivíduos
contratados para indagar sobre intenção de voto.
Serão, todos esses “entrevistadores’ , pessoas
totalmente confiáveis, insubornáveis e isentas de paixão política?
Um petista “roxo” pode, facilmente, “prognosticar”, com mínima margem de erro —, pela roupa, meio
de transporte usual, bairro onde reside o eleitor, modo de se expressar e outros sinais exteriores —, se o cidadão que
se aproxima é a favor da Dilma ou do Aécio. E pode mesmo, ouvindo a resposta
que não lhe agrada, dispensar o voto dele. Uma senhora, amiga de pessoa de minhas
relações, vendo, na rua, que um determinado cidadão estava fazendo uma pesquisa,
ofereceu-se para ser entrevistada, mas o “pesquisador”, olhando para ela, como
que avaliando-a — bem vestida, com aparência abonada — dispensou-a.
Não sei se existe uma ordem dos institutos de
opinião de sempre rejeitar o eleitor que se oferece para dar sua opinião. E
caso exista tal ordem, ela será sempre obedecida? Difícil dizer que sim.
É claro que igual distorção na atividade dos
“pesquisadores” pode haver da parte dos favoráveis ao PSDB. Mas, considerando
que os seguidores do PSDB são geralmente da classe média, não precisando ganhar
a vida fazendo trabalho de rua — a remuneração não deve ser alta, estimulante —
é bem provável que entre os “pesquisadores” existam mais petistas que peemedebistas.
Tendo em vista que a honestidade — tanto em
assuntos de dinheiro quanto em tudo o mais — é algo raro, não considero
impossível que a última pesquisa de intenção de voto no dia 26 de outubro de
2014 se transforme em um dado enganador do eleitorado brasileiro.
Por mais
que os presidentes dos institutos de pesquisa, nesta eleição que tanto apaixona
os brasileiros, se esforcem para um trabalho bem feito, será, presumo,
impossível contar com total isenção dos pesquisadores na “escolha” de quem deve
entrevistar. E também não é impossível que um partido desesperado em vencer
recrute pessoas “fanaticamente fiéis” à sua legenda para que se ofereçam a tais
institutos para trabalhar nessas pesquisas, alegando desemprego e urgente
necessidade de ganhar o seu pão. Mesmo sendo instruídas a não “selecionar” as “pessoas
certas”, essas instruções não prevalecerão contra interesses mais fortes, como,
por exemplo, sua segurança alimentar.
Com base nas considerações acima, a famosa “margem
de erro” não deve ficar na faixa de erro de 2% e 3%. Deve subir para entre 10%
e 15%.
Em suma, e repetindo, os números de votos colhidos
— ou “escolhidos” — na última pesquisa, podem viciar o resultado da votação do
dia 26, com enorme influência nos rumos do Brasil. A manipulação não estaria
nos números, em si — a cargo dos institutos —, mas na “escolha” feita pelos
entrevistadores.
Seja qual for o resultado provável dessa eleição,
o eleitor — para reforçar a autoestima —, precisa ouvir a voz interior,
respeitar sua condição de ser moral e votar em quem considera mais merecedor de
seu voto. Precisa provar a si mesmo que não é um animal somente gregário, incapaz
de pensar com sua própria cabeça, sempre seguindo, qual um boi, a manada no
fundo desprezada por quem a conduz.
(24-10-2-14)
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