sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O lado louco do sexo e a nudez.

Que o sexo é puro instinto, natureza em estado bruto, ninguém pode negar. Quem disser que “não é bem assim porque pode ser praticado com amor, respeito, racionalidade, moral, etc., não entendeu o que eu quis salientar. Nestes casos, de sexo “para o bem”, santificado pela moral, a “fera” foi parcialmente domada, retraiu suas garras e, por não ter sido contrariada, trouxe felicidade a dois seres humanos — apenas dois, por favor... — envolvidos na operação.

 Orcas, tigres, ursos, leões e Pit Bulls, bem alimentados e tratados com carinho podem se mostrar amigos de seus donos, sem deixarem de serem feras com estranhos; ou com os próprios dono, quando contrariados. Golfinhos, esses amigáveis mamíferos aquáticos, quando hostilizados, mordem seres humanos, está comprovado. Ocorre o mesmo com o sexo, intrinsecamente animal, egoísta, e que só pensa naquilo. Cuidado, pois, com esse bicho capaz de morder o próprio dono.

Acredito que, mesmo nas mais respeitosas relações íntimas entre homem e mulher, o “bicho” ancestral, a libido — instrumento necessário à perpetuação da espécie — exige alguns toques de violência, pelo menos verbal, para que a fera, também ela, se sinta plenamente realizada. Do contrário, ficará à espreita, astuta, traiçoeira, sugerindo troca ou acréscimo de novos parceiros para sua própria realização insaciável, quando não contida pelo medo. Como os seres humanos ainda continuam sendo parcialmente animais, é preciso que não esqueçam esse detalhe quando, neste artigo, vou falar, mais adiante, sobre a quase nudez feminina em público, os estupros, atentados ao pudor e assédios em Hollywood.    

Quantos milhões de homens casados, em todo o mundo, razoavelmente honestos e responsáveis, sem maus antecedentes, descartam a esposa fiel e a família por causa de uma paixão que não passa de uma violenta e persistente atração física? O fato do fujão dizer que foi “por amor” não modifica a realidade. Geralmente dizem assim porque é simpático, “romântico”, usar um termo mais aceitável, socialmente, que o “desejo”; ou, mais especificamente, o “tesão” — termo desagradável, vulgar, rasteiro, que só utilizei aqui por conveniência de realismo e melhor convencimento do leitor. 

Com o que disse acima quis sugerir, por acaso, que o instinto sexual, por ser um componente normal do homem e da mulher, deve permanecer livre, sem controle, rebaixando o ser humano à sua “condição real” de macaco inteligente?  Não, porque se o homem ainda guarda resíduos de seu passado totalmente egoísta e animal, um outro lado dele — do pescoço para cima —, tem ambições mais elevadas, de natureza moral e intelectual.  

A solidariedade, a compaixão, a simpatia e sentimentos afins, podem ser encarados também como “dispositivos protetores” de alto valor porque em situações aflitivas —, causadas por nós mesmos ou pela má sorte — poderemos ser salvos do pior: da fome, da doença, da miséria, da morte, da omissão ou fanatismo de um governante. Quando Lenine concluiu que o Czar e sua família, permanecendo vivos, poderiam colocar em perigo a implantação do socialismo na Rússia, não hesitou em mandar matar o imperador, a mulher, filhos e serviçais. Até a cozinheira entrou no “pacote".  

A solidariedade e os direitos humanos, protegem-nos com sua capa invisível. Nenhum governo, hoje, atreve-se a ficar omisso quando milhares de pessoas estão na iminência de morrer de fome, ou afogados. Um robô “funcionário”, se dotado apenas de inteligência artificial, mataria “friamente” todos aqueles seres humanos que parecessem inúteis a seu construtor. “Inúteis” tais como doentes improdutivos, pessoas com mais de 90 anos, ou desempregados por falta de um nível de educação adequada.  

Na busca de um robô perfeito, inteligente, certamente os pesquisadores esforçam-se para que suas máquinas “humanizadas” evitem movimentos que redundem em perversidade, porque sabem, os técnicos, que a “inteligência” deve estar conectada, harmonizadas, com a “bondade”, ou pelo menos com a tolerância”. No projeto de robótica que inclua a “inteligência humana completa” como meta, haverá uma “falha técnica” se no robô não for inserido algo parecido com a ética e a solidariedade.   

Por outro lado, o instinto sexual não pode ser anulado, porque a espécie precisa desse peculiar bicho peludo — sem alusão — para continuar no seu aperfeiçoamento civilizatório. Os hormônios, na raça humana, desempenham um forte e inspirador papel nesse sentido. Fornecem a força, o entusiasmo, a criatividade. Nas Artes e até na supostamente “fria” Ciência.  Aristóteles Onassis, o grego bilionário, dizia que se as mulheres desaparecessem, os homens perderiam toda a ambição de trabalhar, inventar e progredir. 

Se o sexo é fera, como dito, é também uma bicho útil — à maneira de cães de guarda — e por isso deve continuar existindo, mesmo que futuramente seja possível criar seres humanos apenas de proveta, contados, dosados e construídos geneticamente em laboratórios. Ou castrados quimicamente, depois de fornecerem suas melhores sementes para serem congeladas e inseridas em úteros, também selecionados, visando acelerar nosso aperfeiçoamento como espécie ultra inteligente que pretende, em remoto futuro, se tornar um deus auto inventado, livre da morte natural.

 Não nos esqueçamos de que a vida, toda ela, na Terra, desaparecerá um dia, dependentes que somos do que acontece com o sol, esse gordo vermelho, cheio de manchas, que um dia explodirá, caso não nos mate antes, de frio. Gelados, ou torrados, desapareceremos, sem deixar rastros nem herdeiros. Pó. Conclusão que, embora distante, não deixa de ser melancólica, pelo menos para mim. Depois de tanta luta e sofrimento, por milênios, nada restará? Registros históricos pulverizados nada registram. 

A remota esperança contra o nada está em conseguir uma evolução cerebral que nos permita, com milagrosa tecnologia, migrar talvez para outro planeta, na distância certa de outra estrela, fonte de luz e calor. Ou em condições de dispensar qualquer estrela porque termos talvez dominado uma tecnologia que nos possibilite trocar o sol por usinas nucleares que façam o trabalho do nosso atual gigante de fogo; até melhor do que ele, por ser controlável. 

 Voltando à “fera”, o que este texto quer salientar é que o “cavalo louco”, o sexo, deve ser domesticado e adaptado à civilização. Por enquanto, cabe à lei, à justiça, mantê-lo com rédeas curtas, porque com a anarquia, com o abuso sem reprimenda esse instinto meio louco ele só causará prejuízo e infelicidades, tais como estupros, atentados ao pudor e assédios. E a contenção disponível é o medo da lei, complementada com a educação. Pessoas realmente educadas não precisam ser intimidadas para ter bom comportamento no relacionamento amoroso, mas como a educação moral é um artigo raro, ainda é imprescindível um forte componente legal inibitório.

Felizmente, o medo do fuxico, do escândalo, da mídia, do tiro ou facada do enciumado, ou enciumada; da polícia, do castigo divino e das doenças resultantes do sexo perigoso pode conter o cavalo louco provisoriamente. O cavalo louco pode parar de relinchar por fora mas continuará relinchando e escoiceando por dentro. Qualquer brecha e ele sai desembestado. Darei um exemplo. 

Quando eu ainda estudava Direito um colega de classe que já trabalhava na polícia me contou seu espanto quando acompanhou, de perto, um inquérito policial relacionado com um caso de estupro, ou tentativa, ocorrido em um sítio, ou fazenda — não me lembro desse detalhe. À época eu não imaginei que um dia relataria o que dele ouvi no breve intervalo das aulas. 

O caso relatado foi assim: um caseiro ou trabalhador braçal  sentiu-se violentamente atraído pela bonita e voluptuosa esposa do patrão. Como precisava do emprego, tentou, inutilmente, esquecer a tentação. Vivendo distante da cidade, o isolamento certamente influiu para que a ideia fixa entrasse cérebro e nele fincasse raízes difíceis de arrancar. 

Depois de algumas semanas de tortura visual, hormonal e cerebral — nessa ordem —, quando seu patrão precisou ir à cidade, deixando sua mulher sozinha, o trabalhador, caladão, respeitoso, sem antecedentes criminais —, foi dominado pelo instinto. Não haveria o perigo de um marido presente!  Praticamente enlouquecido, revelou á moça, sem palavras, só no modo sombrio de olhar e sorrir — as mulheres conhecem, de nascença, esse esgar —, o perigo que corria. Fugiu para dentro de casa, trancou portas e janelas e provavelmente rezou para que o marido voltasse logo.

Transtornado e frustrado, o empregado passou a esmurrar e chutar todos os obstáculos, sem o menor medo das consequências. Afinal, o marido dela poderia voltar a qualquer momento, ou a mulher poderia ter uma arma em casa e matá-lo em legítima defesa.

 O que impressionou esse meu colega de classe não foi a ocorrência de um crime ou tentativa de estupro. Foram as fotos dos estragos do imóvel com portas, janelas e até paredes danificadas o pelos “coices” do cavalo humano não castrado. Segundo o relato desse meu colega, as fotos pareciam mais a passagem de um tornado. Só o telhado escapara da destruição. Ele nunca imaginou que um ser humano normal, não doente, chegasse a tal ponto de loucura. E não me lembro dele ter mencionado a concomitância da embriaguez. Só lamento não ter pedido a ele mais informes sobre o ocorrido.

Com perdão pela longa digressão, tais lembranças foram provocadas pelas notícias recentes sobre as denúncias de assédio sexual por parte de um produtor de cinema de Hollywood, que teria exigido sexo de belas atrizes, em troca de papéis nos melhores filmes . 

Poucos anos atrás escrevi dois artigos — publicados no meu blog francepiro.blogspot.com e no meu livro “Verdades que melindram” —, sobre o que aconteceu com um político e economista extremamente inteligente, Dominique Strauss-Kahn, então diretor-geral do FMI – Fundo Monetário Internacional. Ele foi acusado, com grande repercussão midiática, de tentativa de estupro, ou de atentado violento ao pudor, contra uma humilde camareira negra, imigrante, em hotel de Nova Iorque. 

 Strauss-Kahn, segundo o relato da vítima, estava no banho quando ela entrou no quarto para trocar os lençóis e toalhas, sem saber que o hóspede estava se lavando no banheiro. Enquanto fazia isso, o banqueiro terminou o banho e sem mais aquela, nu, agarrou a assustada empregada, obrigando-a a praticar de um ato libidinoso diverso da conjunção carnal. A cena não teria demorado mais de alguns minutos. Em seguida, acalmado, ele vestiu-se, dirigiu-se ao aeroporto, para retornar à França mas foi preso antes que o avião levantasse voo. Saiu da aeronave algemado e conduzido à prisão. 

O fato de Straus-Kahn estar na cobiçada chefia do FMI e cotado como provável futuro presidente da república, na França, parecia-me, por si só, uma prova de que o economista estava sendo vítima de uma óbvia armação de seus inimigos. Seria ele tão extremamente estúpido — inteligente como era — a ponto de jogar no lixo sua reputação, em troca de poucos minutos de sexo que nem chegou a ser completo? Com seu poder e riqueza esse cidadão não teria à sua disposição dezenas de belas moças disponíveis, pagas ou “honradas” pela preferência da ilustre figura, embora de cabelos brancos? 

Revoltado com a aparente tendenciosidade da mídia internacional, “difamando” um prestigiado economista e cotadíssimo presidenciável, escrevi uma quase furiosa defesa do político francês, com o título de “Teoria conspiratória ou genialidade no crime”. “Fundamentei”, por a + b, que a acusação era absurda, irracional, contrária à mínima lógica, censurando a “pouca inteligência” dos jornais, supondo como verdadeira algo “impossível de acontecer”. Além do mais, a vítima nem mesmo era bonita. Para ser franco, era até feia de rosto. 

Com o passar dos dias, semanas e meses, ficou provado que eu estava redondamente enganado, o que comprova que o bicho libido afronta qualquer análise de previsibilidade. O financista, de fato tinha atacado, com fúria libidinosa, a camareira, certamente presumindo que a mulher não o denunciaria. E realmente não foi ela quem procurou a polícia. A vítima apenas saiu do quarto enfurecida e contou brevemente o ocorrido, sem mencionar detalhes ao gerente ou funcionário do hotel.  

Como Kahn esqueceu o celular no hotel, telefonou para a portaria, contou que estava no aeroporto e pediu que alguém trouxesse com urgência seu aparelho antes da saído do avião. Com isso o gerente do hotel avisou a polícia, que rapidamente o prendeu dentro do avião. Algemado e fotografado, apareceu em todos os jornais.

 Assim o perigoso instinto destruiu, em poucos minutos, seu portador. Alterou, provavelmente, o futuro da França, da Europa e do mundo — ele perdeu o cargo no FMI — caiu no ostracismo e teve que fazer um acordo de indenização, em quantia não mencionada, com os advogados da vítima. Sua mulher, que inicialmente o apoiara, pediu divórcio e a vítima tornou-se empresária. Pelo que sei, a vítima não era pessoa de mau caráter. Os fatos evoluíram por si só. De um estreito ponto de vista — o econômico — a vítima “lucrou”, mas sem vexame moral, porque tudo aconteceu contra sua vontade naquele quarto de hotel.  

Agora, em outubro de 2017, a mídia publica relatos de atrizes famosas que, décadas atrás, tiveram que conceder seus “favores” a mandões ilustres de Hollywood para conseguir papéis que as levaram à fama e à riqueza. Dizem que, “sem ceder”, não conseguiriam os bons papéis que as projetaram para uma vida de brilho e felicidade. Sob o prisma rasteiramente financeiro, foi um abuso que se transformou em vantagem para as vítimas.

Aquelas artistas que se mantiveram firmes e “não cederam”, permaneceram, a maioria delas, provavelmente, no anonimato. Algumas delas devem estar pensando hoje: — “Será que eu agi certo, sendo tão dura com aquele animal? O que ganhei com isso? Paz de consciência? Ora, minhas colegas ‘vencedoras’ que ‘cederam’ e subiram, podem se justificar moralmente alegando que ‘foram forçadas’, senão não conseguiriam os melhores papéis nos filmes.” 

Esse movimento das mulheres do mundo artístico, foi bem-vindo porque o medo do escândalo e do prejuízo financeiro, dos chefões do cinema e da televisão, diminuirá, certamente, o assédio sexual no mundo artístico. Futuramente, as artistas moralmente “intransigentes” terão mais oportunidades de aparecerem e revelarem seus talentos. Haverá um avanço ético e até mesmo artístico na indústria do entretenimento. Quantas moças talentosas deixaram de enriquecer a arte do cinema porque não conseguiram visibilidade?

Haverá sempre, porém, algumas beldades que, sem assédio, sem pressão externa, estão dispostas a “subir na vida”, a qualquer preço, e não só no campo das artes. Uma ex-Miss Brasil, em entrevista que li, tempos atrás, indagada se considerava aceitável subir na carreira usando o sexo, ela respondeu, com a maior tranquilidade que sim. E realmente subiu. Era uma mulher “prática”, bonita e de algum talento. Aparecia em novelas.

Encerrando, quanto à nudez excessiva da mulher em público, pessoalmente discordo de tanta exposição. Ela caleja a sensibilidade dessa “raça” que parece destinada à extinção lenta e gradual: a dos heterossexuais. Há uma nova forma de preconceito, aprovado pela mídia: a heterofobia. 

 Poucos dias atrás, em uma revista semanal, vi a foto de uma bela moça vestida da seguinte maneira: duas pequenas estrelas cobrindo os mamilos e um pequeno triângulo invertido cobrindo o local por onde saem os bebês. Ou melhor, saíam, porque agora a preferência é pelas indolores cesarianas.  

Se a mulheres se cobrissem mais, não usassem jeans tão costurados ao corpo, quando provocante, certamente haveria menos casos de abusos e estupros. A exposição das “partes” estimula o cavalo louco. 

Quando voltará o antigo e belo recato feminino? 

Lendo o que acabei de escrever, não controlando minhas livres associações de ideias, devo concluir que sou uma mente que aos poucos se distancia do mundo atual. E só disse metade do que penso. Se pelo menos algum leitor, ou leitora concordar, para mim será o suficiente. Prestigio o voto de qualidade.  

Um resumo deste artigo estará no www.500toques.com.br 

Abraços.

(22-11- 2017)

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