quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Por que “a Antártida está esfriando”?

 Lendo artigo do biólogo e estilista Fernando Reinach, no “Estadão” de 30/07/2016 — com o título que escrevi acima, entre aspas —, imagino explicar, mesmo sem autoridade profissional, ou acadêmica, algo que o deixou intrigado, e a mim não: o fato de a Península Antártida estar esfriando constantemente, nas duas últimas décadas, quando, antes, havia um constante aquecimento provocando a desintegração de enormes blocos de gelo. Reinach comparou tais placas, soltas no oceano — derretendo... —, a pequenos Estados brasileiros. A anterior diminuição do frio chegou a afetar, negativamente, a população dos pinguins Adélie.

No entanto, para sua perplexidade — e também de alguns observadores — os rigorosos registros, na Antártida, diários e anuais, da variação da temperatura mostram que “agora tudo mudou”. Ela está esfriando. Fenômeno que abala a convicção mundial, quase unânime até agora, de que o efeito estufa, provocado pelo homem, seria o responsável pelo constante aumento da temperatura mundial, com elevação do nível dos mares e oceanos e outras drásticas consequências.

Em suma, seria — talvez —, lenda, ou precipitação generalizada, a convicção de que o planeta Terra caminha inexoravelmente para um maior aquecimento, a menos que façamos alguma coisa, com urgência, combatendo com mais rigor a emissão de carbono. Repetindo: as referidas medições da temperatura no ar, próximas do solo da Antártida, comprovariam o contrário, pois lá, na média, vem ocorrendo um resfriamento.

Esse é um tema que não interessa apenas à biologia. Repercute na economia e na política mundial. As restrições legais e tratados contra o efeito estufa oneram inúmeras indústrias, repercutem no desemprego e encarecem a produção. Uma notícia dessas faz com que “gananciosos” acionistas de empresas inerentemente poluidoras esfreguem as mãos, contentes com a novidade. Dirão, no estilo Donald Trump: — “Era tudo balela essa história de aquecimento global! Há apenas ciclos naturais de maior ou menor calor! Uma alternância que não depende do homem. Nunca passamos tanto frio quanto nos últimos meses! Precisamos é de mais calor!”

Feita essa explicação introdutório, arrisco minha leiga explicação do que ocorre. Leiga, insisto, mas que talvez obrigue os entendidos a examinar a causa desse imprevisível ou contraditório esfriamento do “polo sul”.

Poucos anos atrás assisti, pela TV, à entrevista de um respeitado cientista brasileiro — não me recordo seu nome — que insistia, com não fingida convicção —, em afirmar que o aquecimento global — aparentemente “explicador” de ciclones, secas, inundações, verões quentes demais, etc. — não era consequência da poluição causada pelo homem. Ao ver dele, o planeta Terra, com ou sem a humanidade, está sujeito a periódicos ciclos de esfriamentos, as eras glaciais. Findo o ciclo, as coisas voltam ao normal.

Tal opinião, vinda da boca de um especialista em clima, não agradou à grande maioria dos leigos interessados em combater o efeito estufa. Uma opinião — mesmo de especialista qualificado —, que parecia ser contrariada pelos “fatos evidentes”: temperatura média sempre aumentando, elevação do nível do mar, danos à fauna marinha, mudanças climáticas imprevisíveis, ciclones em maior violência  e quantidade, etc.

Ouvindo, sem entusiasmo, a exposição do cientista, voltei a examinar um globo terrestre que tenho em minha casa. Principalmente o gigantesco tamanho dos oceanos Pacífico e Atlântico, bem como a gigantesca África e as imensas extensões da Rússia. Sempre me parecera estranha, exagerada, a comum afirmação de que a fumaça das fábricas, veículos e casas — principalmente do primeiro mundo, China e Índia — pudessem ter tanta influência, quando comparada com a maior área coberta pelos mares e oceanos — em que o homem não está presente em escala significativa. Ressalte-se que cerca de 70% da área do planeta é coberta por água, E a parte não coberta, em sua vasta maioria, com baixa densidade populacional, pouco polui.

Por outro lado, a poluição nas cidades precisa ser controlada, seja qual for a teoria mais certa sobre o aquecimento global. Não tem sentido obrigar os habitantes de algumas cidades chinesas andar de máscara nas ruas. Perdas de colheita e inundações incontroláveis precisam ser evitadas. Seria, porém, apenas local esse prejuízo? Não.

Seria correto — pergunto —, concluir que a poluição causada nas cidades, não obstante seja má, localmente, ela não é a causa do aquecimento global, não havendo, portanto, urgência em controlar o aquecimento? Essa conclusão seria errônea, considerando que os problemas de saúde, por si só, são importantíssimos. Mesmo que se conceda uma dúvida residual à teoria de que a atividade humana é a responsável pelo aquecimento global, as investigações, em sua vasta maioria, fora da Antártida, apontam no sentido de que o homem é o grande poluidor. Seja qual for a teoria certa, o homem só terá a lucrar, não a perder, com a diminuição forçada da poluição.

Um fato é certo: o planeta, como um todo, vem esquentando, mas parte da Antártida vem esfriando nos últimos vinte anos. Como explicar essa contradição entre o global e o local?

A explicação está, em parte, no mesmo artigo de Reinach quando diz que os resfriamentos locais da península, “nem sequer se estendem para todo o continente da Antártida”.

Por que, na vasta Antártida, apenas uma parte dela vem se esfriando recentemente?

Aqui vai minha contribuição — espero que não seja mero “chute” — : com o derretimento do gelo de ambos os polos, e das altas montanhas do planeta, esse enorme volume de água, pesadíssimo, obviamente incorporou-se à água já existente nos mares e oceanos. Essa nova distribuição do peso da água, deve ter alterado o eixo terrestre, tendo em vista que nosso planeta — no seu movimento de rotação — assemelha-se a um pião que, perdendo velocidade, não roda em plena “vertical’. E não rodando “verticalmente”, não recebe a luz solar de maneira uniforme durante todo o ano, pois a Terra gira em torno do sol (translação). Isso explica porque quando é verão no hemisfério sul é inverno no hemisfério norte, e vice-versa.

Prosseguindo: Com essa provável alteração do eixo terrestre — causada pelo acúmulo pesadíssimo de água que estava antes localizada dos polos norte e sul —regiões mais distantes da Linha do Equador passaram a ficar mais quentes, ou frias, conforme recebam diretamente, mais, ou menos, raios solares, fonte do calor. Isso explica, a meu ver, invernos ou verões rigorosíssimos em partes dos EUA, em partes da Europa e partes da Antártida.

Moro em São Paulo e também noto uma modificação na rotina de verão e inverno. Este último foi bem rigoroso. O verão também será, provavelmente, diferente do usual. Repetindo: aconteceu, com este planeta, o que acontece com um “pião” de brinquedo que “cambaleia” ao lado de um foco de luz.

Presumo que alguma instituição científica vigia, constantemente, a posição do eixo terrestre. Pelo menos a NASA deve se interessar por isso. E conviria que também nas imediações do polo norte igualmente se pesquisasse se também lá ocorre o resfriamento verificado na Antártida (parte). Pela “minha” teoria, o resfriamento teria que ocorrer também lá, mas sempre de maneira oposta — inverno e verão — tendo em vista o giro da Terra em volta do sol, com alternância das estações.

Se minha “teoria”, ou palpite — alteração do eixo terrestre —, estiver certa, como presumo, uma coisa é certa: na região temperada do planeta os países terão modificações permanentes na sua temperatura, porque a água que veio das geleiras e das montanhas não voltará para o lugar de onde vieram. Com o esfriamento de locais muito quentes os habitantes de alguns países ficarão mais “enérgicos”, porque é sabido que o calor excessivo diminui a energia de seus habitantes. Mas os verões serão mais desagradáveis.

Próximo da Linha do Equador não haverá grande diferença porque o sol continuará aquecendo a área quase da mesma forma.

Se esta previsão não é certa, pelo menos assim parece. Se algum especialista da área me informar, e provar, que o eixo terrestre “aguenta”, impávido, qualquer peso oceânico, sem se modificar, reexaminarei minha modesta “teoria”. Errar é humano. Toda ciência é uma coletânea de erros e acertos.  Um eventual erro a mais não tem importância.

                  Francisco Pinheiro Rodrigues (03-08-2016)