segunda-feira, 29 de abril de 2024

 


Elon Musk ou Leonardo da Vince?

Qual, dos dois, melhor simboliza o polímata?
Polímata, convém esclarecer, é a pessoa cujos conhecimentos vão muito além da própria especialidade. Uma espécie de “homem do Renascimento”, movimento artístico e intelectual surgido na Itália entre os séculos 14 e16 e que se espalhou pela Europa, com reflexos em todo o planeta.

        Obviamente, ser polímata não significa saber um pouco de tudo. Não é mero diletantismo, ou “cultura geral”. É conhecer inúmeras áreas com profundidade, na ciência, na tecnologia, nas artes, principalmente inovando. Um cidadão pode ter lido e memorizado uma enciclopédia inteira mas nem por isso será um polímata, porque apenas leu, nada criou, nada inventou.

        Como sou apenas um curioso, que prefere ler biografias em vez de livros de História, fiquei impressionadíssimo com as realizações e entrevistas sobre Elon Reeve Musk. Como havia lido, pouco antes, sites de citações famosas, minha leitura predileta, muitas delas de Leonardo da Vince, procurei, na internet, especialmente na Wikipédia — essa maravilha de informação gratuita —, a biografia do mais famoso pintor que já existiu e que também era um tremendo inventor. E concluí que ambos, Musk e Leonardo se equivalem em inteligência, originalidade, abrangência, coragem, persistência e até mesmo valor humano. Musk não sabe pintar mas Leonardo não construía foguetes.

Qual o meu particular interesse em escrever sobre Elon Musk?

Esclareço francamente: com tantas complexas tecnologias já existentes não me conformo com a resignação, a passividade, do ser humano em casos de morte de pessoas jovens mas com seus corpos ainda inteiros. “Ele teve um enfarto aos trinta anos? Coitado...” E o máximo de “ressuscitação” hoje disponível é quando o paciente morre na mesa de operação sendo recuperado com um choque do desfibrilador. Ele “morreu” — parada cardíaca e respiratória —, mas voltou à vida. “Morreu” durante dois ou três minutos. Tudo que existe pode ser melhorado.

Outra forma de desperdício humano é morte de pessoas com excepcional capacidade de invenção e trabalho. Por exemplo, Thomas Alva Edison, Albert Einstein, o próprio Leonardo da Vinci e Elon Musk, que mereceriam viver, com lucidez, o dobro ou o triplo do que viveram, ou vivem.

Como apenas Elon Musk está vivo e considerando que seus objetivos de  preservar a espécie humana — na hipótese de um conflito nuclear global —, e seus projetos, de conquista espacial,  exigirão  décadas para serem continuados com sucesso, ele, Elon Rusk, é a única pessoa que conheço com ousadia, determinação e riqueza capaz de montar uma equipe com as melhores cabeças no planeta no campo da física, química, biologia e medicina, visando congelar e descongelar pessoas para acordar mais adiante, prosseguindo com as experiências.

Não vou aqui mencionar as múltiplas realizações de Elon Musk. Entre elas a Neuralink, fazendo experiências com o sistema nervoso, em animais e em pessoas. Ele não só financia como acompanha pessoalmente o que acontece nos avanços ou fracassos das experiências. E nunca desiste, quando há possibilidade de sucesso. Não depende, emocionalmente, do êxito. É até incentivado por derrotas, para ele sempre provisórias. 

Uma coisa é certa: quando Musk faltar, alguns de seus empreendimentos de difícil e longo alcance — como aquele relacionado ao planeta Marte — ficarão esquecidos. Ou melhor, apenas lembrados como curiosidade. Trabalho e dinheiro jogado fora.

Leonardo da Vince e Elon Musk também são conhecidos no item procrastinação. Leonardo passou entre três e quatro anos pintando a Mona Lisa, mesmo fazendo outras coisas. Não tinha pressa na perfeição. E não só pintava como fazia experiências técnicas com sua arte. Inventou, ou desenvolveu, a técnica do “sfumato”, que possibilitava pintar sobre o já pintado, aperfeiçoando seu trabalho e aumentando a maior duração da pintura.

Espero, com este resumidíssimo artigo, incentivar o incansável Musk a incluir entre suas empresas a utilização do frio para continuação de algumas metas sem precedentes. E convém lembrar que o indivíduo a ser congelado o seja quando em plena lucidez. Musk está hoje em pleno vigor para mais algumas décadas de realizações, mas a conquista espacial exigirá duas ou três “vidas” renováveis pela criogenia em humanos.

Francisco Cesar Pinheiro Rodrigues
Desembargador aposentado
oripec@terra.com.br

    


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