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Está no Twitter:
O povo não os perdoará no voto. Se Cristo não tivesse sido crucificado, talvez inexistisse o Cristianismo. Seria grande filósofo”
O senador
relator, pouco interessado em saber a verdade, cortava a fala das depoentes
quando o que ouvia poderia atrapalhar sua única intenção: prejudicar o
presidente da república. Para isso, tratava as médicas como se fossem
criminosas e mentirosas. E isso certamente não saiu da lembrança de milhões de
ouvintes eleitores.
Em assuntos políticos os espectadores decidem
mais com o sentimento, com impulsos — simpatia ou aversão — do que com análises
complicadas sobre economia, legislação, etc., e, insisto, não esquecem na hora
de votar, meses ou anos depois. Em consequência, se as duas referidas médicas
quiserem se candidatar, como deputadas ou senadoras, terão mais chances de se
elegerem do que os seus “carrascos” verbais, de se reelegerem. Aguardemos a
próxima eleição para conferir. Será necessário, porém, que o eleitorado saiba
que as médicas são candidatas. Se forem republicados os momentos de humilhação
é previsível que serão eleitas por suas
biografias, com ajuda involuntária e trapalhona de três senadores funcionando
como cabos eleitorais das médicas.
Agora, em junho de 2022, constatamos — lendo
as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro deste
ano — que o comportamento agressivo e/ou arrogante na pandemia pode ter sido um
tiro pela culatra. Dou dois exemplos: João Dória e Simone Tebet, ambos
inteligentes, enérgicos e sem acusações de desonestidade. No entanto, uma certa
arrogância natural — ou desprezo ostensivo — parece tê-los prejudicado no gosto
popular, porque nas recentes pesquisas de intenção de voto a cotação dos dois políticos
era baixíssima, um ou dois por certo.
Dois meses atrás previ — e disse a algumas
pessoas —, que Dória seria o futuro presidente da república por causa de sua
luta incansável e agressiva em favor da vacinação em massa durante a pandemia.
Não porque eu pretendesse votar nele, apenas constatava um fato. Almoçando e
assistindo diariamente, na televisão, à Band News, a partir do meio-dia, era
impossível não perceber a orgulhosa autoconfiança, energia e belicosidade de um
Dória ambicioso, tenaz e inteligente. Eu não votaria nele porque minha opinião
era a de que sua política de “todos trancados” estava errada no médio e longo
prazo. Achava que os mais moços, trabalhando normalmente, desenvolveriam
imunidade natural e continuariam produzindo, criando uma riqueza que agora nos
falta após longo tempo de inércia forçada por um governador. Quanto aos idosos poderiam
ficar isolados se assim concordassem. Eu acreditava que a imunidade natural é
superior à vacinal porque esta última “enfrenta” adversários biológicos já
muito enfraquecidos ou mesmo artificiais, “produtos” de laboratório. Bolsonaro,
por exemplo, que nunca tomou vacina contra o coronavírus — bem mais velho que
Dória e ainda sofrendo consequência das facadas — , não está em situação física
pior do que o ex-governador que recebeu inúmeras vacinas e voltou a ser
infectado. Cito aqui Bolsonaro não como proselitismo político, mas ressaltando
um exemplo concreto bem conhecido.
Pergunto: o que explica a baixíssima percentagem
de Dória na intenção de voto após seu inegável sucesso na antecipação da
vacinação, que salvou muitas vidas? Penso que a explicação da ingratidão
popular está no seu estilo de falar e governar. Autoconfiante demais, “ditatorial”,
“antipático”. Um “detalhe” aparentemente insignificante mas que explica a
ingratidão do povão brasileiro afirmando que não votaria nele. E Simone Tebet,
na CPI da Covid-19, também foi muito hostil — não tanto quanto o trio condutor
da Comissão — quando fazia algumas perguntas no final das inquirições das duas
médicas já mencionadas. Tebet deixava claro que considerava ambas eram
mentirosas. Penso — talvez erradamente, não sei —, que a má posição da senadora
na corrida eleitoral não é apenas fruto do pouco conhecimento de sua pessoa
pelo eleitorado. Ela já é bem conhecida pela população. É bem articulada,
respeitada e honesta mas imagino que seu pouco apoio popular tem ligação com
seu estilo de desprezo no massacre das duas médicas na CPI.
Finalmente, explico por disse, no meu
twitter, que “Se Cristo não tivesse sido crucificado, talvez inexistisse o
Cristianismo. Seria grande filósofo”.
Jesus Cristo, fundador do Cristianismo,
foi, inegavelmente, um profundo e bondoso filósofo — ou o deus-vivo, encarnação
divina — conforme a particular convicção de cada um. Depois de uma curta vida —
morreu com 33 anos — pregando a bondade, a tolerância, o perdão, o amor, a retidão
de vida, foi traído, torpemente julgado, injustamente condenado, coroado com espinhos,
chicoteado e pregado numa cruz. Para
“complementar” a maldade contra o fundador do Cristianismo, seus seguidores
sofreram horrores, atirados às feras, no Coliseu, sofrendo perseguições e
suplícios indescritíveis que ficaram registrados no decorrer da história. Leiam
algum livro sobre os mártires do cristianismo para saberem a força de uma
convicção.
Parece-me inegável que o sofrimento físico
e moral da crucificação de Jesus Cristo, tocou o coração da humanidade,
predispondo-a a aceitar, sem reserva, uma nova religião no planeta. Hoje ela corresponde a cerca de 31,5 % da população mundial, compreendendo
católicos, protestantes e ortodoxos. Pergunto: se Jesus tivesse sido apenas um arguto
pensador e pregador, com uma vida tranquila, prestigiado, conferencista — uma
espécie de Sócrates, ou Platão, ou Aristóteles —, teria Cristo força para
mobilizar o coração de bilhões de pessoas, como foi o caso do cristianismo? Não teria, com toda certeza. Lendo, por
exemplo, Buda e os grandes filósofos antes de Cristo, seus pensamentos e
conselhos tinham muita afinidade com a posterior pregação de Jesus. Ocorre que
Buda e os filósofos não foram torturados por horas e horas. Sócrates bebeu
cicuta, mas seu sofrimento foi minúsculo, se comparado com a longa agonia de
Cristo. E todo sofrimento injusto é vingado, de uma forma ou de outra,
inclusive na versão eleitoral.
Espero que as duas médicas mencionadas se
candidatem, para ver se minha profecia estará correta.
Francisco Cesar Pinheiro Rodrigues
oripec@terra.com.br
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