Presumo que as guerras —, além de mortes, aleijões, caos e
destruição material — provocam, dentro de cada país envolvido em conflito, um
retrocesso genético nas gerações seguintes, pois com elas ocorre a “sobrevivência
dos menos aptos” e “extinção dos mais aptos” — o contrário da teoria da
evolução de Charles Darwin. Esse é mais um argumento contra a estupidez das
guerras. Felizmente, até agora, as mulheres não participaram maciçamente dos
combates. Guardaram os melhores genes de suas respectivas nações.
Nas guerras são justamente os mais jovens e sadios —
convocados e aprovados pelo serviço militar —, que morrem primeiro, em combate,
geralmente antes de se tornarem pais. Apenas os jovens rejeitados pelo serviço
militar, portadores de alguma incapacidade, deixam descendência. Quando morrem em
bombardeios, fazem parte das vítimas civis: crianças, velhos e mulheres.
Propenso, como mero curioso, a indagar eventuais nexos
biológicos de causa e efeito em temas sociais — neste caso entre a morte de
milhões de jovens soldados e o não-avanço ou retrocesso no caráter dos seres
humanos, através da história — pergunto-me se as periódicas guerras e outras
formas de massacres, desfalcando a espécie humana de sua melhor “fatia”, a juventude
sadia, explicam porque a humanidade permanece a mesma, ou piora, em termos
morais, não obstante seu impressionante avanço tecnológico. Convém lembrar que
invenções científicas e tecnológicas são relativamente raras. Discuto, neste
texto, apenas uma hipótese global, estatística, reconhecendo, claro, que muitos
jovens inaptos para lutar nas guerras podem ser invulgarmente inteligentes.
Como surgiu essa ideia relacionando as periódicas guerras
com a baixa ou nenhuma evolução da humanidade? Explico a seguir.
Depois de ler centenas de citações de filósofos gregos — Sócrates,
Platão, Aristóteles e mesmo os pré-socráticos —, fico me perguntando: Sócrates
nasceu provavelmente em 470 antes de Cristo, isto é, cerca de 2.500 anos atrás.
O que ele dizia — e seus seguidores escreviam — sobre a ética é muito superior
ao que presenciamos, em média, nos nossos tempos. Mesmo entre os atuais
“‘pensadores”, muitos deles mais preocupados com frases de efeito do que com a
profundidade mesclada com bom senso. Na política, ainda é pior. Basta comparar as
falas dos presidentes das nações, nos últimos cem anos, incluindo as nações
mais ricas. Quanto aos discursos lidos, sabe-se que é comum que sejam eles
escritos por ghostwriters. Nenhum
progresso em 2.500 anos. Talvez até um retrocesso, apesar de nosso impressionante
avanço técnico, fruto de poucos inovadores.
Apesar de tanta leitura disponível — com a invenção da
imprensa, dos computadores, dos celulares, da disponibilidade gratuita e
instantânea da informação, etc. —, o homem moderno continua mentindo, enganando,
matando e roubando; aparentemente de forma mais exacerbada do que dois milênios
e meio atrás. Com uma agravante: depois dos filósofos referidos, surgiram três
religiões que, sendo monoteístas, deveriam impulsionar a humanidade no sentido
da irmandade da espécie humana.
Não adiantou. A carnificina só aumentou: Cruzadas, Guerra
dos 30 anos, Guerra dos 100 anos, Guerras Napoleônicas, Guerra Civil Russa, Guerra
Civil Americana, Revolta Dungan (na China), “Ataques” de Tamerlão”, 1ª. Guerra
Mundial, 2ª. Guerra Mundial, Guerra da
Coréia, Guerra do Vietnam, Guerras do Golfo, Guerra “da Síria”, Estado
Islâmico, combates entre israelenses e palestinos, etc. Isso sem contar com um
possível conflito nuclear se Kim Jong-un e Trump continuarem mutuamente se
ameaçando. Um aperto de botão, mesmo acidental, e teremos o caos.
Falei “acidental”
porque quando Jimmy Carter era presidente, um terno dele foi enviado à
lavanderia, tendo em um dos bolsos do paletó, por descuido, o “celular”, ou
aparelho equivalente, que, acionado, dispararia foguetes atômicos contra
Rússia. Esta, revidando, usaria seu sistema de “resposta imediata”, disparando
mísseis atômicos contra EUA, Londres e outras capitais. Felizmente, nenhum
empregado da lavanderia, desconhecendo o perigo, tentou “experimentar” os
botões do enigmático “brinquedo”. Seria um novo “smartphone”?
Costumo lembrar que, às vezes, no mal reside um bem, e
vice-versa. Se EUA e União Soviética, no tempo da Guerra Fria, não fossem
potências nucleares a 3ª. Guerra Mundial já teria ocorrido. Provavelmente em
1962, no conhecido incidente dos foguetes russos, com ogiva nuclear, enviados à
Cuba pela União Soviética mas interceptados, no mar, pelos americanos.
O objetivo deste artigo foi o de apresentar novo argumento —
o genético, de efeito futuro — contra a estupidez das guerras, todas elas, com
exceção das guerras estritamente defensivas, antes da chegada do “xerife”, que
prenderá “o bandido”.
Para evitar as guerras é preciso proibi-las, mas para proibi-las
é preciso que as nações se conscientizem da necessidade de ceder parte de sua
soberania quando esta colide com a soberania de outra nação. Colisão que ainda
hoje, resolve-se pela força, a forma mais primitiva de solucionar qualquer problema.
(05/01/2018)
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